sábado, 27 de novembro de 2010

Rio, Bonito

Estou mega sumido por motivos muito simples: provas. Tenho que recuperar aulas e aulas que eu matei porque estava de ressaca ou porque não tava afim de ir. Sobre a prova em que eu fiquei de VS (Prova Final, Avaliação Final, enfim, a última chance que você tem pra passar em uma matéria), afinal, consegui passar. O cara foi mega escroto na correção e me deu 6,5. Mas, como disse o Lobo:

Vitória é vitória. 6 ou 10, são vitórias.

O Rio tá nesse estado de caos, que está bem concentrado até. A mídia, como sempre aumentando muito. Me arracaram da sala de aula na quarta dizendo que estava até rolando arrastão em Niteroi, no Centro e não tinha nada acontecendo. Mas o fato é que essa 'guerra' me impediria de voltar pra casa na sexta, de qualquer forma. Sem chances de passar pela Tijuca (Jacaré, oi?), pela Av. Brasil (Preciso comentar?) ou pela Zona Sul (colocaram fogo num carro na Farme de Amoeado, achei um ultraje).

Eu só penso nas pessoas que moram ao redor do epicentro dessa 'guerra'. Queria poder tecer mais comentários sobre o que tenho ouvido de "bandido bom é bandido morto", entre outros mas estou escapando do estudo durante alguns minutos.

O teclado de Niteroi ainda está ruim. Estou na casa de uma amiga, em Rio Bonito (o trocadilho foi por causa disso), estudando como um louco pra essas provas que vem. E nem quero passar por outra VS. Então, nem lendo o blog de vocês eu estou. Espero que em meados de dezembro consiga voltar a vistá-los e comentar, ok?

Mas sempre que possível, dou uma fodidinha fugidinha com vocês, ok?

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Don't Let Me Get Me

[Detalhe que escrevi o texto inteiro e o blogger comeu, sem salvar rascunho. Borboleta, querida, publicarei o selo em breve, ok?]

Eu tava vendo os arquivos do blog esses dias e  percebi que só fiz 6 postagens em novembro. Minha meta era ficar em torno de 20. Claro que, em parte, isso se deve ao fato do meu colega de quarto pouco se importar em conversar no msn, escrever email e etc com o teclado virtual, mas que é impossível pra mim, ainda mais com o blog. Mas o blog é apenas a exposição do que eu sinto e penso. Ironicamente, eu tenho sentido e pensado tantas coisas, mas não consigo simplesmente escrever sobre elas.

Essa semana vou deixar de lado um pouco a polêmica (que embora seja ótima e eu adore, cansa) e falar um pouco de mim (como se eu não fosse polêmico). Ultimamente tem algo que está difícil de compartilhar até com meus amigos.

Minha vida anda desandando. Entendem? Pela primeira vez na vida eu não passei direto na faculdade (não só na faculdade, eu nunca fiquei em matéria nenhuma) em uma máteria, a prova é amanhã e nem estou mais desesperado. Estou conformado. O que é um problema já que eu possuo, efetivamente, chances concretas de passar. Mas eu não sinto ânimo pelo estudo. A faculdade, em si, tem sido um grande fardo pra mim. Não é só questão do fim de período e de professores sem noção (esse período bateu o recorde) é a própria faculdade me fazendo repensar todos os dias porque eu não sou atleta.

Minha bolsa não dá nem sinal de vida (já disse que odeio os funcionários do setor administrativo?) e talvez só caia ano que vem. Minha mãe continua pertubando me perguntando eventualmente quando irei arranjar uma namorada e eu já desisti de falar que "is just not going to happen". Meu irmão, com idade mental de 7 anos e idade física de 23, ainda pensa que minha mãe gosta mais dele e fica fazendo musiquinhas com meu nome (oi?).

Vejam bem, eu não estou reclamando como aqui, estou só me perguntando porque, apesar de tudo, eu não consigo sentir a motivação pra continuar. Eu olho pra trás e, mesmo sabendo tudo que já conquistei, não consigo sentir aquele impulso de "se eu já consegui superar isso tudo, conseguirei superar o que tá me acontecendo agora".

É o gosto amargo e azedo do fracasso. Como se eu estivesse sendo incompetente em tudo na minha vida. Com minha família, com minha faculdade que não dou mais conta, na vida amorosa eu nem quero pensar, porque né, não quero gente soluçando na frente do PC.

É o mesmo gosto de quando todo dia na escola me chamavam de viadinho, de quando meu casaco sumiu e eu o encontrei todo rasgado no refeitório, de quando minha mãe negou comprar uma revista quinzenal de 3,90 que era tudo que eu queria, mas comprava seu maço de cigarro todo dia. É quando eu mostrava os roxos no meu corpo pro meu pai, pintados pelos punhos do meu irmão, e ficava igualmente de castigo. É como quando vi meu pai numa cama e sabia que dali em diante nada mais eu podia fazer.

É uma sensação de impotência com a própria vida.

Eu já consegui muita coisa nessa vida. Consegui passar no concurso pra todas as escolas técnicas do Rio, saindo de uma escola municipal; consegui me formar na Fiocruz, defendendo minha monografia com 100% de aproveitamento, sendo que eu fazia estágio e alemão na UFRJ naquela época; passei em todas as faculdades públicas do Rio que eu prestei e consegui 100% de bolsa na PUC pelo ENEM, mesmo não tendo feito pré-vestibular; consegui não ser odiado na faculdade como eu era no ensino médio; tomei coragem e saí do armário pra um bocado de gente...

Mas ainda é como se eu não fosse capaz de lidar com a pressão, principalmente na faculdade, de conseguir passar em tudo, de conseguir passar bem nas matérias, de, de fato, aprender alguma coisa. É como se eu sempre tivesse sendo arrastado pra um poço em que nas paredes sempre está escrito 'fracasso'. Eu só quero encontrar motivos pra não desistir de tudo.

Eu sou o meu pior inimigo. E isso dói. Dói muito.

O que mais dói é que eu não consigo responder a uma pergunta. Porque sempre que o fracasso bate a minha porta eu não consigo, simplismente, girar o trinco e deixá-lo trancado, lá fora, pra sempre?

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Espelho

Eu sou o tipo de pessoa que fala - e escreve - muito. Pessoas assim costumam falar mais bobagens e se revelar mais, em geral, do que as pessoas que falam e escrevem menos. Não tem necessariamente menos instrução ou mais preconceitos ou defeitos, oferecem, apenas, mais oportunidades dos outros perceberem estes detalhes que, para os que escrevem menos, fica muito mais difícil perceber. 

Sendo ainda mais direto, não fiquei nada satisfeito com o comentário do Ricardo e de outras pessoas a respeito do meu último texto. Por muito motivos. O primeiro dele é, obviamente, o fato de que, eu sei reconhecer quando falo ou penso algo inadequado ou errado. E, neste caso, quando sou preconceituoso. Não tenho problemas em assumir que estou errado.

Eu estou errado. Aliás, o post passado passou uma imagem que, certamente, não condiz com o que eu sou e penso, de fato. Quem me conhece e lê e esse blog pode, e deve, inclusive, se manisfestar. Além disso, eu me incomodo com a imagem que eu passo no blog. A maior parte das pessoas que leem esse blog não me conhecem, então, no momento em que, segundo o Ricardo, eu passo a imagem de nazista, isso me incomoda. Não devo satisfação a ninguém, senão a mim mesmo. E é por esse motivo que estou escrevendo esse texto.

Por que sou um ser em eterna mudança, com capacidade crítica o suficiente pra saber quando eu tenho que me criticar e avaliar não só o que eu disse - ou escrevi - mais também meu modo de agir e, principalmente, de pensar.

Já reli o texto algumas vezes e ainda é difícil pra mim identificar um nazista em potencial. Provavelmente porque eu tenho dados empíricos suficientes pra julgar que eu não sou nem de longe algo parecido com o Mike citado no belíssimo, porém radical, texto que o Ricardo postou. Faço bem mais o tipo Arthur, daqueles que vê uma travesti passando e elogia, sim. Daqueles senta na mesa de um bar só com travesti e conversa em plena praça pública, falando desde amenidades à política. Daqueles que não escolhe com quem vai conversar, sendo gay, afeminado, hetero ou mãe.

Entretanto, como reconheci no próprio texto, fui, sim preconceituoso. Preconceituoso exatamente porque não faço parte do público 'bicha xoxota' que, embora seja um termo extremamente escroto, define bem o que eu estou querendo dizer. Mas jamais alguém me veria fazendo brincadeiras homofóbicas pra travesti ou pra bicha afeminada ou pra barbie, que seja. A percepção não foi só minha, leiam, não que justifique, pelo contrário, é só uma constatação. Me pergunto se eu tivesse ido na TW Rio e dito que só havia barbies se haveria tamanha manifestação.

Eu comento, sim, o que eu penso. E eu não entendo porque um homem - gay ou hetero - quer passar sombra no olho. Não entendo, mas eu não tenho que entender nada mesmo,  só tenho que aceitar. E eu aceito. As pessoas tem o direito de vestir e usar o que quiserem, assim como eu tenho direito de gostar ou não. O que eu não tenho direito, e não o faço, é de ridicularizar ou, de algum modo, constranger essas pessoas. É como se uma mulher fosse de shortinho para um casamento, ou um cara de bermuda. Acho inadequado. E todos comentariam.

O preconceito se constitui em criticar alguém por ser gay. Eu não critiquei ninguém por ser gay, mas pelo modo como se vestia. Eu não levantei do lado de nenhuma "bicha xoxota" que sentou ao meu lado. Eu não deixei de conversar com nenhum deles.

No metrô, enquanto eu ia para Copacabana e pessoas ao meu lado começaram a falar desses "viados e bichas barulhentos e mal educados" - de fato, existiam alguns gays fazendo baderna desnecessária, como aquela que as torcidas de futebol fazem - eu virei e falei que ser gay não tem nada a ver com isso. Que se elas tivesse apenas alguns dias do ano, os dias de parada gay, para se expressar sem apanhar (o que já vimos, não é verdade), elas talvez seriam tão 'espalhafatosas' quanto.

Sobre gay (ou qualquer pessoa dando em cima de qualquer outra COMPROMETIDA, que, claramente, não está correspondendo as expectativas) que dá em cima de hetero com família eu acho, sim, um absurdo. O Foxx disse que mulher hetero faz, então porque gay não pode fazer. Não pode fazer porque é desrespeito. E não pode porque não vivemos em um mundo gay friendly, porque se você der em cima de um hetero você pode apanhar muito ou até morrer. Se mulher hetero faz, foda-se, isso não dá o direito de um gay fazer.

O que eu percebo é que pessoas militantes tendem a colocar os gays - especialmente os excluídos do próprio universo gay, 'as pintosas' e travestis - num pedestal, como se fossem pessoas que não podem ser criticadas. Podem sim, ser criticadas. Por gays, por heteros. O fato de ser gay não isenta a pessoa de ter defeitos que devem ser criticados quando conveniente.

Se alguém está lutando pela igualdade de direito, tem de reconhecer que gays não são perfeitos por serem gays. Mas não podem ser criticados por serem gays. Eles tem tanto direito de se expressar - sem ofender alguém e o modo de se vestir não é uma ofensa, ou eu poderia fazer um escândalo no carnaval com tanta mulher pelada, praticamente - quanto os heteros.

Uma vez vi um tweet da Nany People falando que era do tempo que 'beesha era sinônimo de ser inteligente", me diz uma coisa, porque gay tem que ser inteligente? Ninguém exige de HT inteligência, mas de gay exige? Não faz sentido. Alguém pode falar que todo mundo tem que ser inteligente e tal, mas olha, como nós queremos ser reconhecidos como iguais aos heteros, com mesmo direitos e etc, se não nos tratamos igual? Se não queremos ter os mesmo direitos e deveres?

Quero, enfim, agradecer ao Ricardo e a todos os outros por terem me dado a oportunidade de pensar e refletir sobre minhas ações. Sou uma pessoa crítica não só em relação aos outros, mas também a mim. Errei, fui preconceituoso, mas acho que por um post - isso porque a maior parte daqui nem me conhece pessoalmente, não sabe absolutamente nada de mim -  não se pode simplesmente tachar alguém de fútil ou nazista.

O extremistas radicais são sempre nocivos à qualquer tipo de discussão. E eu estarei sempre aberto ao diálogo.
Ao contrário do que vocês podem pensar, eu olho no espelho e vejo um cara que já passou por muita coisa, mas que sempre continuará lutando não só pelos meus direitos enquanto cidadão, mas também pelos direitos do meu próximo, gay, hetero ou bi.

Obrigado.

PS: Meu teclado ainda está ruim, impossível comentar no blog de vocês, mas continuo lendo. Sempre.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

#filhadaputice² ou Sobre a Parada Gay

Cara, desculpem minhas ausências nos comentários, mais uma vez, mas estou sempre lendo os blogs, viu?

Então, ontem fui pra parada gay do Rio e posso dizer que estava uma merda. As pessoas bonitas ou fugiram daquele lugar ou estavam acompanhadas (e eu não consegui convencer nenhuma a fugir comigo). Encontrei alguns amigos, parece que um conhecido me viu e contou, ontem mesmo, pra todas as pessoas do meu ensino médio que me viu com um homem e tal (mal sabe ele que foram 2, beijos). 

Detalhe: ele é uma bee mal comida e fofoqueira, mas que tem contato com toda a escola ainda (estudei numa escola bem conhecida aqui no Rio). Não tenho problemas em nego dizer que eu sou gay, mas me incomoda um bando de gente que eu nem conheço ficar sabendo. Fora que não vivemos num mundo cor-de-rosa e se um dia eu precisar de algum homofóbico lá dentro? Será decisivo ele não saber que sou gay. Mas, ossos do ofício. Aí hoje uma pessoa vem e me pergunta que tá 'rolando uma estória' de que eu sou gay. Eu ry, né?

Sendo preconceituoso, a parada gay estava só pra bicha xoxota. Assim, nada contra, mas porque alguns viados precisam parecer mais mulher que do que as próprias mulheres (e nem to falando de sapatão), nem de travestis, que tem que parecer mulheres mesmo)? Não estou falando de ser afeminado (ou afetado, não consigo perceber muito bem a diferença, mas parece que ela existe), porque isso é uma coisa que não dá pra controlar e que não faz a menor diferença, afinal, é só o jeito que a pessoa é. Nego (ou seria nega) com a calça mega apertada, maquiado DESNECESSARIAMENTE (sério, colocar sombra pra que?) etc. E, pior, dando em cima de hetero COM FAMÍLIA, de mão dada com o filho.

Aí depois ninguém sabe porque tem gente que não gosta de viado, né? Porque as pessoas acabam achando que é sem noção por ser viado, quando uma coisa não tá relacionada com a outra. Aí dai surge aquele preconceito filho da puta que a gente não entende. Quando acontece uma coisa dessas, bate a revolta né? Pois o primeiro passo pra acabar com a homofobia é não abusar do status privilegiado que temos na parada gay (porque lá a maior parte é gay ou é friendly, ou seja, somos, por algumas horas, cidadãos). É não fazer putaria na rua (mijar na praia pode, beijos), não dar em cima de hetero assumido (soou engraçado), enfim. 

Então, quando eu acho que eu sou o maior filho da puta do mundo, vejo gente (sua citação finalmente chegou) que tá no meu nível. Encontrei um carinha lá, que "era" HT até pouco tempo e tal, e rola uma paixonite entre a gente. Daí a gente ficou rapidamente e eu com minha promessa de "NA PARADA EU NÃO CASO", falei com ele, com a maior delicadeza que, eu bêbado, pude encontrar. Ele ficou visivelmente chateado e eu, né, peguei um outro e casei (é, desisto disso, perti o timbre de pegação). Aí falo com o dito cujo daí de cima pra conversar com ele e tal, pra ele não ficar sozinho e etc.

Não dá 15 minutos e eles tão se pegando. E eu com a cara de:


Puto? Eu? Que nada. Achei engraçado e bom que eles tenham ficado, pelo menos sozinho meu ex-HT não ficou. Detalhe que os dois que eu peguei foram na frente do cara que eu tinha pegado (e dormido na casa dele, mas como um anjo) semana passada.

Puta? Eu? Que nada.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Selo

Primeiramente, agradecendo ao Lobo, do blog Uivos do Além, por ter me indicado a esse selo. Obrigado pelo carinho.


Todo selo requer regras, né? As desse são as seguintes:

1° - Exibi-lo em seu blog com o link de quem indicou a você.

2° - Postar uma imagem acompanhada de um texto de cinco ou seis linhas com o qual você se identifica profundamente e que revelem o que é magia e encantamento em sua vida. O texto pode ser de outra pessoa, desde que seja algo expressivo para você.

3° - Repassar o selo para seis outros blogs mágicos e encantadores.



Sentar na areia, sentindo o vento. Olhar pro horizonte e ver uma grande linha azul cortando todo o eixo de visão. Fechar os olhos, deitar, sentir a areia geladinha - ou quente - ouvindo apenas o barulho das ondas quebrando ao fundo. Abrir os olhos e olhar do topo de uma montanha. Ver, mais uma vez, o horizonte, desta vez verde, observando alguns passáros que passam por ali. Fechar os olhos e abrí-los novamente, desta vez em uma rua movimentada. Ver pessoas. Muitas pessoas. Todas com seus problemas. Todas, como eu, crendo em Murphy, mas também crendo que há algo que nos faz superar muitas coisas, todos os dias. Que, como qualquer um, nossa vida começa com uma vitória e deve terminar com ela. A superação é a maior magia de um ser humano.

(Me excedi, pode? hahaha)

Vou indicar alguns blogs que eu admiro muito, nem sei se todos lêem esse blog, mas to indicando. Aceitem apenas o carinho, se for o caso. A ordem não tem nada a ver com a importância do blog. Todos são fundamentais pra mim. Eram pra ser seis, mas 7 é um número cabalístico. Vou adicionar mais um.

1- Nem froid explica...
2- Don Diego
3- Borboletas nos Olhos
4- Sem Cortes e Sem Edição
5- Grito, Grito e Grito
6- Dois Perdidos Na Noite
7 - Sou Gay

Beijos à todas e todos, adoro vocês ;)

domingo, 7 de novembro de 2010

Carinho. Apenas Carinho.

Sabem, a minha vida não está em uma das melhores fases. Isso não quer dizer que ela esteja ruim. Eu estou sem bolsa desde maio e isso tá fudendo com a minha vida. Minha mãe tá nessa de me dar o mínimo possível pra tudo e meu pé de meia pra saídas tá acabando, daqui a pouco eu vou acabar entrando no cheque especial, e isso não é bom. Teoricamente, essa fase de pobreza mor passará no final do mês, quando a bolsa do PET cair.

Emocionalmente falando, eu ainda estou naquela fase emotiva pra caralho. E carente. Muito carente. Acho que isso explica porque eu sempre fico com uma pessoa a noite inteira. Quando a gente faz pegação, beija e vaza, não dá tempo de ouvir umas coisas legais, de ter um outro tipo de beijo, de toque, de abraço. Eu estou ficando de namoradinho toda festa que eu vou. Não sei dizer se é ruim ou não. Mas pra quem estava acostumado na regra do 'pelo menos 2', é estranho. Mais estranho é pensar que eu tinha uma cota de pegação quando saía.

Estou extremamente confuso.

Acho que a coisa que mais tem me ajudado nesse momento é o blog. É receber o carinho de vocês, muitas vezes daqueles que não comentam, mas que se dão ao trabalho de ler. E daqueles que tem ainda mais trabalho de comentar. Daqueles que vem aqui deixar uma palavra de carinho, de discordância ou não. E eu não tenho falado do número de comentários, mas do teor deles.

Eu fiz esse post, basicamente, pra agradecer a todos vocês. Que começaram a acompanhar ontem ou há  quase 2 meses atrás (sim, já faz esse tempo todo). Eu queria poder responder cada comentário com um beijo e abraço. Com alguma palavra que retribua o conforto que eu tenho ao ler o blog de vocês e ler o comentário de vocês aqui.

Obrigado pelo carinho. Ele não poderia vir em melhor hora.

Obrigado por tudo.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Luto Obrigatório

Hoje, por incrível que pareça, minha mãe e meu irmão não foram ao cemitério. Acho engraçado a devoção de ambos, até hoje, ao meu pai. É um rito ir lá no aniversário dele, dia de finados e no dia da morte.

Um rito que eu nunca participo.

Meu pai foi um bom pai. Não brigava muito com a minha mãe, nunca deixou faltar nada em casa, embora fosse de uma avareza peculiar. Me deu a educação e ajudou na formação do caráter que tenho hoje. Mas o Dia dos Pais nunca teve a mesma euforia do Dia das Mães. Sempre faltou afeto. Sempre faltou carinho.

Meu pai, embora presente, era ausente.

E isso nem tem nada a ver com a preferência, clara, dele pelo meu irmão. Eles eram parecidos em muitos aspectos, já eu, sempre fui mais apegado a minha mãe. Lembro de poucas vezes que meu pai demonstrou carinho por mim ou mesmo pelo meu irmão.

Apesar dos apesares, ele era um bom pai. Não mereceu a morte que teve, definhando em 3 meses, por um câncer que corrompeu primeiros os pulmões, depois o cérebro. Lembro como se fosse hoje, domingo, eu chegando do shopping com meu irmão e meu pai no sofá, como se nada tivesse acontecendo, enquanto minha mãe estava no quarto, falando ao telefone bastante nervosa. Meu pai simplesmente tinha esquecido o caminho de casa voltando de uma festa que eles foram.

Nessa época ele era kombista, ficou 2 anos desempregado (e vivemos mantendo o mesmo padrão de vida só com a poupança que ele tinha feito, a avareza teve um porque, afinal), o estresse era imenso. De repente ele só estava muito cansado, talvez tomasse algum remédio e ficaria tudo bem. Tolinho, eu. Tinha apenas 13 anos, não sabia nada da vida.

Dia a dia, minha mãe o viu definhar. Ele foi internado no dia seguinte. Eu o visitava com pouca frequência,  minha mãe demorou um tempo pra me contar que, provavelmente ele nunca se recuperaria e não gostava que eu o visse daquela maneira. Eram sempre visitas emblemáticas. A primeira foi depois de uma semana, ele levantou, me abraçou, disse que estava com saudades. Na segunda, ele já não se levantou com a mesma desenvoltura, já não estava tão parrudo, visivelmente mais magro. Na terceira, ele já não conseguia me abraçar e suas faculdades mentais já pareciam abaladas, a fala era difícil, sofrida. As frases não terminavam, as palavras eram trocadas.

Na quarta, as memórias já tinham sido afetadas. Ele lembrava vagamente de mim. A única memória que nunca foi apagada foi a de minha mãe. Fiquei um mês e meio sem vê-la, enquanto ela ficava 24/7 do lado meu pai.

Veio a cirurgia, e ele começou a se recuperar. Voltou pra casa,  já andava, a fala não era mais comprometida. Ficou uma ou duas semanas e teve uma convulsão. Eu não estava em casa. Como sempre, fui poupado até o último segundo. Ficou algum tempo no hospital e voltou para casa muito mais abalado. Até esse momento, ele não sabia que tinha câncer. Quando descobriu, desistiu. Desistiu de tentar viver. Lembro de uma conversa que tive com ele, implorando-o para não desistir.

A última já foi no CTI. Minha mãe achava que talvez já estivesse na hora de se despedir. Ele tentou conversar com meu irmão, houveram algumas trocas de carinho. Quando eu fui, ele não conseguiu falar. Chorou. E eu, claro, idem.

A última imagem que tenho do meu pai vivoé ele na cadeira de rodas, entubado, olhando pra mim, como que por pena e chorando.

31 de agosto foi o primeiro dia de internação. 15 de dezembro, o último.

A notícia veio e me derrubou. Nesse meio tempo, eu não sentia, realmente, falta do meu pai. Talvez porque ele estivesse perto, mas longe. Chorei muito no enterro. Depois, nunca mais. É como se eu tivesse me anestesiado, nunca senti saudade, falta ou tristeza por ele.

Enquanto minha mãe e meu irmão tiveram seu luto, eu tive o meu. Queria sair, queria ir ao shopping, à praia. Fazer qualquer coisa, menos ficar em casa. O engraçado é que sempre me julgaram muito por isso. Me julgam até hoje, aliás, porque eu nunca chorei pelo meu pai, porque eu não sinto saudade, porque eu não quis ir na missa de sétimo dia, porque eu nunca fui ao cemitério depois do enterro.

O luto é uma coisa individual, o meu foi simplesmente extraído. Acho que não sou capaz de me acabar de chorar pela morte de mais ninguém. É como se o meu luto já tivesse passado pra sempre. Eu mesmo me sinto um pouco mal por isso. Não quer dizer nem de longe que eu não amava meu pai. Sim, muito. Mas, é uma questão lógica, eu entendo que não há razão justificável para minha aparente frieza.

Mas, aqui em casa, o luto não é opcional, é obrigatório. E eu me vejo sempre disfarçando emoções pra não ter que dizer que o papel do meu pai na minha vida acabou dia 31 de agosto de 2004. Que as lembranças foram mortas no dia 15 de dezembro do mesmo ano. Que, pra mim, o meu pai morreu, de fato, e não voltará nunca mais.

Nem em pensamento.

EDIT: Reparei agora que esse é o post número 45. Essa foi a idade que meu pai morreu. Curioso, não?