domingo, 30 de janeiro de 2011

Como lidar?

Com a total falta de criatividade e informação relevante para transmitir via esse blog feio e caído, embora acessado por pessoas maravilhosas que, definitivamente, tem o que dizer;

Com a total falta de noção das pessoas da minha família perguntando toda vez que me veem: "cadê a namorada?";

Com o fato da pessoa com quem você se permitiu fantasiar um envolvimento emocional efetivo estar em outro país;

Com o fato de eu ter pegado alguém que vou ver todos os dias durante bastante tempo e não ter a menor ideia de como agir quando voltar à faculdade;

Com a carência crescente me dizendo que eu preciso mais do que fazer pegação, entretanto, sou tão insensível e frio com as pessoas que pego, que encerro qualquer possibilidade de começar alguma coisa mais séria;

Com o fato das férias estarem em pouco mais da metade;

Com o fato de eu estar saindo para lugares onde gasto mais do que posso, não estar economizando pro Carnaval e ainda não ter arranjado um marido rico;

Com a desmarcação da minha 'última' entrevista pra tal da multinacional e nenhum sinal de vida para remarcá-la até agora;

Com a esposa maravilhosa que eu tenho, que me manda um email de 5 linhas e me faz pensar sobre todos os aspectos da minha vida no meio do almoço, enquanto eu não tenho capacidade para oferecê-la apoio à altura;

Com meus amigos que precisam de mim e a ajuda oferecida muitas vezes é insuficiente;

Com minha relação com a vida variando diaria ou semanalmente, vivendo em uma montanha russa de estado de espírito.

Como lidar, Brasil?

EDIT: Me responderam com um tapa na cara.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A Vitória de Ariadna

*pisadas rápidas no chão*

"Meu filho, o que é uma transex?"

Foi assim que eu fiquei sabendo da eliminação precoce da participante Ariadna, a primeira transexual da história do BBB. Fato que o público brasileiro, em geral, não sabe votar em reality show. Acho que a cultura das novelas do 'vilão' e do 'mocinho' atrapalha um pouco as sinapses na hora de votar, porque o critério pra qualquer reality deve ser muito simples: samambaias first. Aquela pessoa que não existe, que não contribui em nada pra casa, que não briga (sim, porque quem é fã de BBB e derivados gosta de ver a casa pegar fogo, quem não gosta?).

Certamente, Ariadna não se encaixa nesse perfil. A veia barraqueira estava lá, latente. Além, claro, da franqueza com a qual ela emitia suas opiniões. Nessa brincadeira, eu li vários artigos sobre o fato dela 'esconder' sua transsexualidade dos outros participantes.

Olha, acho que essa questão é muito mais simples do que parece. Ao contrário de diversos comentários que eu li, Ariadna é, por via das dúvidas, uma mulher. Não é um homem operado. Argumentos? 'Mas ela nunca poderá gerar um filho', qualquer mulher sujeita a uma histerectomia - retirada do útero, e dos ovários, eventualmente - também não pode. 

Entretanto, ninguém diz que uma mulher assim é um 'homem operado', até porque, as mulheres que retiram também os ovários caem no mesmo fato anatômico de Ariadna: não produzem nem os hormônios femininos, quem dirá filhos. A única diferença notável talvez seja a ausência (não posso nem confirmar isso porque não sei como é o processo de construção do canal vaginal de uma transsexual) de lubrificação vaginal, mas que duvido que a maior parte dos homens notaria.

Aliás, o ponto principal, quantos heteros notariam, se transassem com ela, que ela é um 'homem operado'? Fica a pergunta.


Além disso, acho que é uma hipocrisia absurda dizer que ela deveria contar. Porque, diga quem quiser que não, mas é óbvio que o tratamento masculino para com ela seria completamente diferenciado das outras mulheres. Também é importante parar pra pensar que, ao contrário de um travesti que não conta que é um travesti, uma transsexual não iria causar o 'espanto' de ter algo ali que não deveria estar ali. Não haveria constrangimento por parte de ninguém. A transsexualidade é uma característica dela e apenas dela e, desse modo, ela tem o DIREITO de não querer contar pra ninguém. Muitos disseram 'eu não trataria diferente', então pra que saber?

Saber se uma pessoa só come no McDonald's ou no Bob's faz diferença pra você? Pra mim, também não. É o mesmo com a transsexualidade.

Mas o principal: Ariadna levantou uma discussão NUNCA antes levantada pela Globo para o público brasileiro que não fica acordado até às 1h da manhã pra ver profissão repórter e ouvir "Tá pensando que travesti é bagoonça?". Quantas pessoas sabem diferença de um travesti para um transsexual? Meu irmão  estúpido até hoje se refere a ela como um 'traveco'. Além de uma concepção equivocada, é um termo um tanto quanto ofensivo.

Embora eliminada, tenho certeza que Ariadna foi a grande vencedora desse programa. Não ganhou os R$1,5 milhões, mas, certamente, ganhou o respeito e a admiração das pessoas que quiseram ver um pouco além da máscara que cada um de nós usamos todos os dias.

domingo, 16 de janeiro de 2011

A Maldita

Nunca neguei que tenho vocação pra ser a maldita. Call me inconveniente, mas eu tenho sacadas boas pra situações ótimas e só erro em torná-las públicas em alguns casos, nos quais eu sempre peço desculpas (naturalmente, quando bebo, esses casos se tornam...mais comuns). De resto, todo mundo que me conhece sabe que sou de uma ironia e acidez ímpares e, em geral, meus amigos também são assim. Claro, que eu evito fazer isso com pessoas que eu não conheço, mas quando conheço...

Ontem foi o 3º Maravilhoso, Estupendo e De Dar Inveja Em Todo O País Encontro de Blogueiros Cariocas e Simpatizantes (MEDDIETOPEBCS), realizado no Nova América, zona norte do Rio. O primeiro ponto a considerar foi uma constatação, pra mim, um tanto quanto triste: encontro na zona norte não vinga. O shopping era integrado ao metrô, então, não entendi a vibe errada de certos blogueiros de não terem comparecido, assim, sem qualquer motivo aparente.

Porque eu penso o seguinte, o encontro de blogayros não é uma socialização pra falar dos blogs ou coisas do tipo. Embora, eventualmente, alguns barracos assuntos de blog até sejam tocados, o principal do encontro é poder ouvir um pouco da vida das pessoas que você já lê todos os dias (ou com alguma frequência, não importa). É o poder de romper essa fronteira virtual que separa a gente na maior parte do tempo por motivos óbvios: trabalho, dinheiro, etc. É como se pudéssemos reafirmar a importância do conhecer real, em carne em osso. Viajei?

Assim, cada um tem seus motivos e eu não sei o de cada um que não foi, mas, sinceramente?  Não entendo esse sentimento de superioridade que o pessoal que mora na zona sul tem em relação à zona norte e oeste. Claro, falando em qualidade de vida, etc, é meio óbvio, porém, é aquela coisa que falei anteriormente: é questão do encontro e tal. Ninguém está pedindo pra frequentarem a zona norte. É só uma ida, principalmente pelo fato de ser um lugar acessível ao Dan, que ainda está se recuperando do acidente. Custa fazer um esforço? Metrô do lado? Eu moro longe, e iria onde quer que fosse, só pelo prazer imenso da companhia de vocês.

Além disso tudo, porque você pode pegar blogayros. *se defende das farpas*. Ora, tem blogayro de tudo quanto é tipo na blogsville, gordo, magro, de barba, depilado, baixo, alto, enfim, é só escolher o seu! Não vou falar das minhas experiências, porque né, meu trabalho aqui é expor aos outros, não a mim. Se eles quiserem que me exponham. Mas, assim, todo mundo sabe que isso é possível na blogaysfera. E, vou te contar, graças a Deus.

Sem mais enrolação, compareceram ao encontro Dan, Rafa, Lobo, Julio e Bruno. Um amigo meu também foi, uma vez que, após o encontro, íriamos ao Chá da Alice, uma festa no Circo Voador, Lapa. O encontro foi ótimo, falamos uma série de bobagens, gonguei o Lobo até cansar, rimos horrores de várias situações, fofocamos muito. Enfim, um encontro como tem que ser: descontraído.

 Vem, gentchy!

Nisso, as pessoas ficando um pouco chocadas com meu conhecimento sobre quem pegou quem, quando e onde a blogaysfera, me chamando de fofoqueiro e olha. Prefiro informado. Só tenho o trabalho de cruzar informações que os próprios envolvidos me dão. Only.

Então, vamos a maior revelação da noite? Eu já sabia que rolava um climinha entre Lobo e Julio, já tinha sondado e cheguei a conclusão de que o encontro seria per-fei-to. Eu juro que fui sutil no início, assim que chegamos falei "Júlio, senta do lado do Lobo e puxa algum assunto". Júlio, nada. Eu, claro, como bom amigo que sou, sabendo da timidez, troquei de lugares com ele e quando Júlio foi ao banheiro..."E aí, Lobo, rola?", isso tudo sem que os participantes percebessem (ou fingiram que não estavam percebendo muito bem).

Hora de partir, acompanharíamos Lobo até o ponto de ônibus pra ele poder ir pra casa até nisso pensei, caso o Nova América não fosse muito friendly ou os dois fossem lentos demais, não sou um gênio? em segurança. Aí, no caminho para o metrô, Bruno começa a conversar com meu amigo, teoricamente hetero, mas que eu tinha certeza que era gay e depois de 10 minutos de conversa, grita, no meio do shopping:

É OBVIO QUE VOCÊ É BICHA!

Aí nego fala que eu que sou indiscreto. Meu amigo? Riu. Nisso, eu fui removendo Rafa empata foda da conversa de Lobo e Júlio, que hablaram bastante até o metrô. Eu, claro, estrategicamente, situei meu amigo e Bruno sentados juntos, Lobo e Júlio, também. Quando, de repente...

Eu: Rafa, tô chocado.
Rafa: É, eu também.
Eu: Rafa, você não tá entendendo, olha aquilo, tô chocado.
Rafa: Eu sei, eu também.
*intervalo de 10s*
Rafa: Gui, tô chocado!
Eu: Eu tava tentando te dizer isso há muito tempo, porra.

Pessoas no metrô olhando, uma senhora do meu lado fechou os olhos e a outra olhou meio indignada. Porque? Rolou pegação na blogaysfera, né? Local? Metrô Linha 2 Del Castilho sentido Centro. HAHAHAHA. Claro que rolou um sentimento de vitória e tal, mas aí eu e Rafa começamos a falar alto, que aquilo tinha que ser naturalizado, que as pessoas tinham que ser felizes do jeito que elas quiserem. Nesse momento, Lobo e Júlio mega sem-graça por algum motivo que não entendi.

Nos despedimos de Rafa e saltamos na Cinelândia, onde Lobo resolveu pegar um táxi. Claro que, na despedida, rolou aquele beijo cinematográfico e Lobo foi em direção ao táxi. Continuamos seguindo e, alguns segundos depois, Lobo vem com a gente dizendo que o taxista não estava fazendo corrida. Oi? Como assim? O taxímetro ligado e tudo. Claro que senti logo o cheiro de homofobia e falei, no alto do bom senso: "Quer voltar lá, Lobo? Eu mesmo falo com ele se você não quiser." Diante da resposta negativa, comecei logo o discurso, né?

Eu já comentei em alguns blogs sobre fazer barulho nesse tipo de situação. Acho que as coisas não se conquistam se ficarmos quietos diante desse tipo de situação. Se nós não nos fizermos ouvir, quem fará? Porque né, já sabemos da falta de competência das autoridades e acho um ABSURDO termos que nos privar de gestou simples de afeto como um beijo de despedida. Nada tinha ali de agressão aos bons costumes, nada tinha ali de maldoso. Então quem esse taxista pensa que é, negando a corrida a alguém só pelo fato de ser gay?

Porque eu jamais vou deixar de fazer determinadas coisas simples como beijar alguém, ainda mais em lugares friendly como é a Lapa, pelamor. Fato foi que Lobo conseguiu pegar um táxi na Lapa mesmo. Fomos à festa e, logo no início, eu, finalmente, consegui arrancar esse amigo do armário, do modo mais sutil possível,  e espero que não tenha causado traumas. E acho que não, pela mensagem que ele mandou pra Bruno pela manhã. 

A festa tava mediana, aproveitei razoavelmente. Fomos embora, levar meu amigo no ponto quando um bando de pitboys ou sei lá o que, provavelmente voltando de alguma boatezinha hetero escrota e fedorenta do centro começaram a gritar coisas como "Vai viado, vem aqui dar o cu" etc. Claro que eu ignorei, mas aí perguntou, não existe homofobia? Porque, pelo meu conhecimento, ninguém sai por aí gritando "Vai heterozinho, vem aqui comer minha buceta" ou "Vem aqui me dar, sua heterozinha". O mais engraçado é que só estávamos conversando, baixo, sem qualquer tipo de expressão de afeto. Tudo porque aquele caminho é de um matadouro lugar bem conhecido do centro: Cine Ideal.

Mas, sobrevivemos.

PS: Passei o post inteiro pensando se deveria fazer isso. Mas, como a pessoa me chamou de maldita, futriqueira, fofoqueira e derivados tantas vezes, merece.

"Curtam bastante! Não quero foto de beijo meu circulando por aí, e dá mais um beijo no Júlio por mim :p. No busão já."

De Lobo para Guilherme. 15/01 23:46.

Maldita? Sim, beijos.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

The 5 Day Réveillon: 0x0 ou 00

Antes de começar o Season Finale da edição dupla dos dias 1 e 2, tem um diálogo do episódio passado que esqueci de retratar. Só pra lembrar: eu estava bêbado. Minha mãe também. Ela conseguiu me ligar por volta das 2 da manhã e aí:

Mãe: *Todo blá blá blá clichê de ano novo*.
Eu: Ah, mãe, sabe o que eu desejo pra você? Muito piru...
Mãe: Ai, filho, só preciso de um, você sabe, né...
Eu: Sei, o do fulano...
Mãe: É, eu queria tanto que vocês o aceitassem...
Eu: Se ele não tivesse tentado te bater...Mas isso é passado, sabe como eu passei o Ano Novo?
Mãe: Como?
Eu: Dando um beijo triplo!
Mãe: Ai, meu filho, eu não estou preparada pra isso ainda não. Me dá mais um tempo...
Eu: Porra, mãe, já faz mais de um ano...
Mãe: Eu sei! Mas eu tenho meu tempo...Só vai com calma entre 4 paredes...
Eu: Mãe! Que tipo de filho você acha que tem?
Mãe: Um filho que dá beijo triplo no Ano Novo, no meio da rua?
Eu: *Chocado*
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Season Finale

O dia 1 foi um dia sem graça. Primeiro porque o amigo do Bruno que foi passar o Réveillon com a gente (e que ficou excluído do beijo triplo) estava roncado que nem uma porca mal amada, impedindo nosso sono até a hora em que ele foi embora, por volta de 12:00. Chegamos às 7 e pouca, então conversamos muitas coisas que eu já não lembro mais, mas em uma situação um tanto cômica: os dois pelados enrolados em dois lençois que eles estavam divindo comigo, e eu no meio. #surubafeelings

Ao longo do dia nada de muito interessante aconteceu, estavámos aguardando a noite para irmos para o inferno Cine Ideal. Entretanto, tínhamos planos de ir pra 00 (uma boate famosa no Rio, que fica na Gávea, Zona Sul) no domingo, o que pesaria no orçamento. Então, acabamos indo à uma private no cu do mundo em Niteroi, que foi legalzin e tal, mas serviu mesmo só pra torrarmos 10 reais de passagem.

Acordamos no domingo já pensando como seria a 00 e eu já combinando com um chileno que estava pra pegar desde 2010 pra ir pra lá. A 00 é conhecida por seu público alvo: gente rycah e bonita. Em geral, o nível do público lá é bem superior a maior parte das boates, talvez pelo fato de uma long neck custar 8 reais. Fato é que fui lá duas vezes, nas duas não peguei ninguém. E eu, que já me acho a última bolacha do pacote, fiquei em crise, né? Porque o problema não é pegar em si, é não se sentir desejado. 

Acho hipocrisia falar que vai pra night pra dançar. Porque se você quer dançar só, então porque vai pra night gay? Pode ir pra night hetero que não vai fazer diferença, né? Porque você até pode sair sem intenção de pegar alguém, mas todo mundo que vai pra night, no fundo ou no raso, quer se sentir desejado. Você se arruma pra isso. O problema que acontecia na 00 comigo era esse: lá, eu não me sentia desejado. Até brinquei com o nome da boate: 0x0.

Mas, com objetivo de começar o ano com o pé direito (e esquerdo também, porque não sou manco) já fui na vibe:

 Vem, que tô facim.
Entao fomos, embelezados em Cristo, para a tal boate. Ficamos algumas horas esperando ônibus e tiramos várias fotos como bom pobre que se arruma pra sair, essa foi a única decente:
Sou vesgo e você?
Chegamos lá com uma fila absurda. Ficamos duas horas e meia na fila. Nesse meio tempo, eu e meu amigo conseguimos convencer o Diego a entrar com a gente. Embora ele tenha feito a diva durante longos minutos, acabou cedendo e lá fomos nós. 

Eu e Bruno já começamos os trabalhos e, resumindo: arrastei um cara que tava com amigos do ex pra porta do banheiro, depois de pegar um espanhol lindo (finalmente entrei na Europa BEM) fui vetado porque era 'novinho demais' (fiquei chocado muito tempo), depois fiquei pegando o chileno que chegou bem tarde, dei um perdido nele e tentei pegar um paulista (por isso que não gosto de paulista, são sempre nojentos, com poucas exceções, claro) que me deu meu primeiro toco (nem doeu muito, eu tava com uma sensação horrível de traição, nervoso, devo ter gaguejado). Com isso, finalmente quebrei a maldição do 0x0. Ufa!

Bruno? Pegou um carinha, depois pegou o amigo dele, depois pegou um urso que não tinha pegado ninguém ainda e estava dando vodka pra ele, aí ele foi buscar mais e quando voltou Bruno estava atracado com o amigo do carinha de novo, então o urso deu um show e saiu desiludido do Rio. Depois ele pegou um cara que ele já conhecia do Cam4 (medo). Nesse meio tempo eu dando maior força pra ele fazer pegação, "trair" o urso, etc. Sou Aquele amigo que joga o nome do coleguinha na boca do sapo mesmo um amigo ruim?

Voltamos pra casa e quando chegamos, conversamos um pouco, a única coisa que pude pensar foi:

Obrigado por terem me dado o melhor Réveillon da minha vida.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

The 5 Day Réveillon: Fireworks

A ressaca moral bateu forte no dia 31. Fiquei morgando um tempo até decidir que nada deveria ou poderia estragar meu Réveillon. 2010 já não tinha sido o melhor ano e eu não podia passar pra 2011 nessa vibe. Pois bem, o dia inteiro foi só preparação para a passagem de ano. O roteiro era simples: iríamos pra Copacabana ver os fogos e depois partir pra Ipanema com destino, obviamente, à Farme de Amoedo ou ao Arpoador mesmo.

Chegamos lá e andamos séculos pra encontrar o amigo de fulano, depois mais pra siclano, e foi assim até quase meia noite, quando estavámos em uma muvuca em frente ao Copacabana Palace. Eu nem tinha me dado conta que estávamos prestes a fazer a contagem e proferi: "Passaremos o Réveillon dando um beijo triplo, pra que nossa vida seja só putaria em 2011".

Eu não lembro se falei isso mesmo, mas dei a ideia e como Bruno e meu amigo não se incomodaram, resolvemos chocar a sociedade cristã ali mesmo, EM FRENTE AO COPACABANA PALACE. Só sei que rolou um motimzin, mas nós cagamos e continuamos vendo os fogos. E olha.


Foram os 16 minutos mais tocantes da minha vida. A trilha sonora foi fantástica e a sincronia impecável. Ficamos mais algum tempo em Copa, quando eu encontrei um amigo que disse que poderia nos levar rapidamente numa social do trabalho dele por lá mesmo. Como de graça até injeção na testa, fomos. Sei que ao subirmos no elevador junto com um cara gatinho, no 3º andar ele parou. Pensamos que pudesse ser sobrepeso. Então o gatinho saiu do elevador, uma vez que éramos 5.

E o elevador não subiu. Nem desceu. Procuramos a escada e descobrimos que elas estão inseridas diretamente no apartamento. Passei boa parte do tempo xingando mentalmente o arquiteto filho da puta que projetou aquela merda.

Ligamos pro porteiro e ele falou que a culpa era nossa e para não estressá-lo. OIIIII? Não estressá-lo? Como assim, brazeel, alguém me explica? Nesse meio tempo, decidimos bater na porta de um apartamento que tava rolando uma baile funk festa e o cara que atendeu, sendo sensato, pediu para que nós entrássemos e fossemos direto pra escada. Aí uma racha maldita garota EXPULSOU a gente, como se nós quiséssemos entrar naquela festa ESCROTA. Olha, o ódio subiu e xinguei aquela vaca de todos os nomes que pensei.

Depois de algum tempo esperando e chocados com a possibilidade de passarmos o Réveillon inteiro lá, naquela microsala, o cara sensato abriu a porta e deixou nós sairmos, mas não antes de eu dar meu telefone pro gatinho. UFA! Fomos pra Ipanema, onde encontrei alguns amigos e resolvi piranhar. Daí vi um gringo, de longe era até bonito o cara, mas de perto era feio pra caralho nem tanto.

Então ele falou as palavras mágicas: sou alemão. Pronto, podia ser feio, sujo e fedorento. Porém, na hora que eu ia beijar o bendito alemão, vi um amigo e fui falar com ele. Não sei se vou o clima de Ano Novo, mas eu sei que peguei meu amigo na frente dele, depois voltei pra falar com ele e peguei ele também. Trocamos telefones e ele me mandou uma mensagem que eu não tinha como responder por falta de crédito.

Amanheceu e, aos sorrisos, comentamos nosso louco Réveillon. Pegamos o ônibus só pensando no o dia primeiro nos reservava: Cine Ideal.

Próximo Episódio Especial Duplo: 0x0 ou 00

domingo, 9 de janeiro de 2011

The 5 Day Réveillon: O Que Acontece Comigo Quando Eu Bebo?

O dia 30 reservava muitas expectativas. Eu iria conhecer todos os melhores amigos do Bruno, em uma festa regada a pouca comida MUITA bebida. Muita. Muita mesmo.

O dia foi tranquilo apesar de estarmos todos ansiosos pelo início da festa e eu ter me cansado de tanto zuar meu amigo e Bruno, com piadas tão escrotas que nem eu sabia que tinha capacidade pra uma falta de criatividade tão grande.

Um pouco antes deles chegarem eu já estava bebendo, pouco, mas bebendo e assim que eles chegaram a gente começou a beber vodka com energético, com algumas cervejas no meio e, de repente estava trêbado já. Em geral, eu não sou um bêbado sem noção no seguinte aspecto: sei quando estou mal, dificilmente passo do meu ponto, me controlo muito pra isso. Mas não nesse dia.

A conversa até começou bem, todos se divertindo, rindo, todo mundo feliz. E aí, eu comecei com meu pior defeito quando eu bebo: querer falar as verdades pras pessoas. 

Aquelas verdades despretensiosas do tipo: "Ah, eu fiz cirurgia pra tirar as orelhas de abano (uma garota LINDA fala isso)", o que eu respondo: "Ah, nem parece, dá pra ver que tem mais um pouco". (...)

Daí foi pra pior, eu tava muito mal, queria continuar bebendo (porque, meu Deus?), continuei sendo chato, brigando com as pessoas. Até tomei consciência da minha situação, saí da onde estava todo mundo e chorei. Chorei horrores. Minha vontade era de simplesmente ir embora pra minha casa e passar o Réveillon dormindo, porque eu estava com tanta vergonha. 

Pra vocês terem ideia do ódio que despertei: essa pessoa pequena vomitou em mim quando foi dormir. Aí ele foi lá fora contar pras pessoas, trêbado, e o que todo mundo fez? APLAUDIU! Gente, olha, eu super entendo, na situação deles, eu acho que também aplaudiria. Eu contei muito com uma amiga do Bruno, ela conversou comigo enquanto eu estava chorando cachoeiras, ela me limpou do vômito (aff...), enfim. E nem lembro de tê-la agradecido.

Acho que isso nunca tinha acontecido comigo antes. Já até fui bêbado chato algumas vezes, mas em geral porque eu fico carente, então quero abraços, beijos etc. No final, é apenas uma forma de sabotar minha aceitação. Eu não sou hipócrita, eu odeio ser excluído. Tem gente que não se importa de ser excluído em determinados grupos, mas eu me importo. Muito. Em todos. A minha vida inteira foi pautada em exclusão. No ensino fundamental, eu ficava com todos os estranhos e excluídos da sala. No ensino médio, eu ficava com quem conseguia me aturar.

Como posso pensar diferente hoje? Na faculdade eu consegui um feito incrível: tirando uma inimizade, eu posso me considerar até 'pop'. Nesse dia, eu estava tão preocupado em causar uma boa impressão que a primeira coisa que eu fiz foi ficar bêbado e me sabotar. E isso é uma merda. Eu nem consegui pedir desculpas pra eles. Eu fui mega grosso com a namorada da amiga do Bruno que me limpou e tal, ao ponto dela falar "Pô, Gui, tá tudo bem, vai lá dormir, você está estragando o clima..." e eu respondo o que? "Sou desses".

VOCÊ É DESSES É O CARALHO, FILHO DA PUTA. VOCÊ JÁ FOI EXCLUÍDO A VIDA INTEIRA, AGORA QUE VOCÊ TEM CONSCIÊNCIA DE MUDAR VAI FICAR AGINDO ASSIM? VOCÊ GOSTA DO ÓDIO ALHEIO, É?

Próximo Episódio: Fireworks

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Breaking News

O próximo episódio trataria do segundo dia do meu réveillon e seria postado hoje. Mas, ocorreram duas coisas que me fizeram optar por um post intercalado.

A primeira delas foi uma ligação que recebi ontem de um número desconhecido. Como a única pessoa que me liga de número desconhecido é o Visão, já peguei o telefone desanimado, pois sabia que depois de 30s de conversa ou a ligação cairia, ou ficaria muda, ou meu celular ficaria fora de área, enfim. Dias e dias sem ter uma conversa normal graças ao incêndio da Oi.

Pois bem, atendi o telefone e ouvi algo do tipo "A Glaxo mi mi mi...". PARA TUDO, BRASIL. Eu tinha feito um teste online pra um estágio na glaxo na metade de dezembro, mas nem estava realmente esperando que eles me chamassem, pelo menos não agora. Sei que respondi sim pra todas as perguntas - além da ligação estar péssima eu fiquei tão nervoso que só falava 'sim, tudo bem', 'você pode comer meu cu sem vaselina se quiser' 'está ótimo'. Fato foi que só lembrava o horário da entrevista. Foi hoje às 9h. Me preparei, ajeitei currículo, pesquisei horrores sobre a Glaxo, separei uma das duas únicas roupas sociais que eu tenho e fui.

A oportunidade de um estágio em qualquer indústria farmacêutica de grande porte, se conseguida, é suficiente pra eu, literalmente, sair de casa. Pra sempre, não depender mais financeiramente da minha mãe em nada. É a minha chave pra independência. Pra poder sair pra beber no bar com os amigos sem se preocupar quando dará a conta, porque eu poderei pagá-la.

Cheguei lá 1:30h (morar longe é foda, ou você chega cedo ou tarde demais) e fiquei fazendo hora no McDonalds até dar um horário mais próximo ao da entrevista. Chegando lá, fui encaminhado uma sala (medo do que essas empresasa de RH fazem, você espera testes malucos, já tava pensando em que animal iria imitar e que super-herói seria etc). Ganhei um teste que diria meu perfil profissional e etc, sem respostas certas ou erradas, apenas pra traçar determinadas características. E duas redações pra fazer: uma em português e outra em inglês. Pensei logo "fudeu", sempre me enrolo um pouco pra escrever em inglês porque não lembro daquelas regrinhas de 'in, on, at, meu cu, etc'.

Agora pasmem: o tema da redação em português era "Descascando o Abacaxi" e só. Fiquei chocado, porque né, como assim sem nenhum texto de apoio. O texto em inglês era de tema livre. Ambos sem rascunho e direto à caneta, vê se pode? Agora saquem meu texto de merda: "Conversas de Bastidor" era o título, o tema era sobre relações diplomáticas e comparei a resolução de conflitos com descascar uma abacaxi. Ok, Brasil, riam, mas na hora foi a única coisa que eu consegui pensar.

Fui pra entrevista e, embora eu ache que a mulher gostou de mim, ela disse que a vaga que tinha não se encaixava muito no meu perfil, pois tratava de assuntos regulatórios, revisão de bula de medicamentos, aprovação de importação de matérias-prima etc. Mas, disse que se eu quisesse, poderia concorrer a esta vaga, porque tinha passado dessa etapa. Ela ainda sugeriu que eu esperasse aparecer uma outra vaga, na área de P&D, Farmacovigilância, Marketing ou Produção para poder me candidatar. E me deu até semana que vem pra eu decidir. E aí, Brasil, como joga? De forma geral, fiquei satisfeito e feliz. 

Medo vai ser quando eles lerem a redação.

O segundo assunto é...chato. Pouco agora acabei de ler isso e isso, e fiquei de cara. Porque eu nunca fui desses de sonhar com amor impossível, sabem? Aliás, até pouco tempo eu nem sonhava com amor at all. Nessas situações acho que eu tenho o pior comportamento possível: simplesmente me fecho e isolo as lembranças da minha cabeça.  Porque dói pra caralho quando você tá curtindo alguém e essa pessoa também tá te curtindo, mas vocês não podem se ver, não podem se tocar, não podem sem se falar (te amo, Oi).

Semana que vem ele tá pegando o avião pra Rússia e eu ficarei por aqui. Nem sei quantos quilômetros nos separarão. Acho que se tem uma música que pode traduzir o que eu estou sentindo agora, é essa:

Remember all the things we wanted
Now all our memories, they’re haunted
We were always meant to say goodbye
Even without fists held high, yeah
Never would have worked out right, yeah
We were never meant for do or die
I didn’t want us to burn out
I didn’t come here to hurt you now
I can’t stop


I want you to know
That it doesn’t matter
Where we take this road
Someone’s gotta go
And I want you to know
You couldn’t have loved me better
But I want you to move on
So I’m already gone


Looking at you makes it harder
But I know that you’ll find another
That doesn’t always make you wanna cry
Started with a perfect kiss
Then we could feel the poison set in
Perfect couldn’t keep this love alive

You know that I love you so
I love you enough to let you go

I want you to know
That it doesn’t matter
Where we take this road
Someone’s gotta go
And I want you to know
You couldn’t have loved me better
But I want you to move on
So I’m already gone

I’m already gone
I’m already gone


You can’t make it feel right
When you know that it’s wrong
I’m already gone
Already gone
There’s no moving on
So I’m already gone
Already gone
Already gone
Already gone
Oooo, oh
Already gone
Already gone
Already gone
Yeah

Remember all the things we wanted
Now all our memories, they’re haunted
We were always meant to say goodbye


I want you to know
That it doesn’t matter
Where we take this road
Someone’s gotta go
And I want you to know
You couldn’t have loved me better
But I want you to move on
So I’m already gone

I’m already gone
I’m already gone
You can’t make it feel right
When you know that it’s wrong

I’m already gone
Already gone
There’s no moving on
So I’m already gone

Beijo enorme, Visão. E você ainda me deve sua foto.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

The 5 Day Réveillon: A Partida e a Chegada

Eu tinha pensado que deveria começar 2011 falando de 2010. A retrospectiva clichê que todos fazemos, nem sempre por escrito, mas mentalmente, avaliando de forma geral como foi o ano e propondo metas e desafios para 2011.

Porém, eu penso que a virada do ano está, de alguma forma, relacionada tanto com o ano anterior quanto o futuro. Eu, sinceramente, não lembro da minha virada de 2008 (eu não estava bêbado), mas sei que teve um 'quê' de libertação. Acho que eu não passei com minha família pela primeira vez. E foi sobre isso que se tratou 2009: libertação. Libertação das rédeas da minha mãe, libertação da minha heterossexualidade que nunca existiu, libertação de diversas concepções equivocadas que eu tinha.

Enfim, foi o ano em que tudo mudou na minha vida.

A virada de 2009 foi boa, passei com alguns amigos, com direito a bebida, mas rolou estresse e o final da noite foi péssimo. 2010 foi daquele jeito. Muitos altos e baixos. Mais baixos que altos.

Eu queria um réveillon que renovasse minhas energias e motivações, que me permitisse crescer e aprender, de forma geral. Eram esses os meus anseios para 2011. Por isso, resolvi abdicar do post '2010', pelo menos por agora (quem sabe eu o faça no final de 2011). E simplesmente falar de como foi meu incrível réveillon de 5 dias.

Como eu já tinha falado por aqui, meu réveillon foi ao lado de um amigo e de Bruno. Minha ideia inicial era começar a festa já no dia 30, pra terminar 2010 daquele jeito. Mas eu mesmo me antecipei e acabei migrando para Niteroi no dia 29 mesmo. Para o desespero da minha mãe.

Aliás, isso é importante de comentar. As coisas na minha família são sempre muito hipócritas. É sempre aquela de ideia de "não precisamos de ninguém, mas precisamos ficar todos juntos", então minha mãe sempre gritando que não fazia questão da minha presença nem no Natal nem no Ano Novo, mas foi só eu dizer que iria passar fora que ela surtou. Literalmente. Com direito a briga por que eu estava 'levando muitas roupas'. Aham, Cláudia, senta lá...

Arrumei minha mala e fui, encontrei meu amigo na Lapa, compramos bebidas - aka Vodka - e partimos em direção à perdição, ou seja, Fonseca bairro que fica ao lado da Ponte Rio-Niteroi, cheio de favelas e gente estranha, com um levanta poeira a cada 5 minutos. Chegamos lá e fomos super bem recebidos pela mãe, vó e irmã de Bruno.  Ficou tarde e eu já quis começar os trabalhos de réveillon.

Começamos a ficar altos, quando de repente, o clima de pegação se instala no quarto e meu amigo e Bruno começam a se pegar loucamente. De repente chega a primA de Bruno, e pessoas me falam que ela é BV e blah blah blah.

Pausa para comentário: eu não tenho mais paciência pra desenrolar com mulher. Dá muito trabalho por muito pouco. Por isso que eu acho que nasci gay, porque se tivesse nascido lésbica...

Sei que depois de desenrolar 10 horas com a menina, ela me faz a pergunta crucial: "Qual a diferença entre princípio ativo e medicamento?". Só pensei: "-QQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQ". E comecei a explicar. Só sei que em algum momento ela cansou e me agarrou. Acho que a chave pra pegar mulher que quer te pegar é falar sobre assunto chato e que você sabe muito, porque olha. Só sei que eu estava sendo estuprado pela menina enquanto pensava "COMO ELA PODE SER BV, BRASIL?".

Ela foi embora e eu fiquei usando o PC enquanto meu amigo e Bruno se atracavam na cama. Fui ao banheiro e quando voltei a pegação já estava em um nível além, assim como o nível estratosférico de álcool no meu sangue. Só proclamei: "Gente, já que vocês perderam o pudor, - blah blah enquanto eu falava da ausência de vida sexual pra mim - eu vou ver uns vídeos pornôs por aqui, porque eu to precisado".

Próximo episódio: o que acontece comigo quando eu bebo?