Nunca neguei que tenho vocação pra ser a maldita. Call me inconveniente, mas eu tenho sacadas boas pra situações ótimas e só erro em torná-las públicas em alguns casos, nos quais eu sempre peço desculpas (naturalmente, quando bebo, esses casos se tornam...mais comuns). De resto, todo mundo que me conhece sabe que sou de uma ironia e acidez ímpares e, em geral, meus amigos também são assim. Claro, que eu evito fazer isso com pessoas que eu não conheço, mas quando conheço...
Ontem foi o 3º Maravilhoso, Estupendo e De Dar Inveja Em Todo O País Encontro de Blogueiros Cariocas e Simpatizantes (MEDDIETOPEBCS), realizado no Nova América, zona norte do Rio. O primeiro ponto a considerar foi uma constatação, pra mim, um tanto quanto triste: encontro na zona norte não vinga. O shopping era integrado ao metrô, então, não entendi a vibe errada de certos blogueiros de não terem comparecido, assim, sem qualquer motivo aparente.
Porque eu penso o seguinte, o encontro de blogayros não é uma socialização pra falar dos blogs ou coisas do tipo. Embora, eventualmente, alguns barracos assuntos de blog até sejam tocados, o principal do encontro é poder ouvir um pouco da vida das pessoas que você já lê todos os dias (ou com alguma frequência, não importa). É o poder de romper essa fronteira virtual que separa a gente na maior parte do tempo por motivos óbvios: trabalho, dinheiro, etc. É como se pudéssemos reafirmar a importância do conhecer real, em carne em osso. Viajei?
Assim, cada um tem seus motivos e eu não sei o de cada um que não foi, mas, sinceramente? Não entendo esse sentimento de superioridade que o pessoal que mora na zona sul tem em relação à zona norte e oeste. Claro, falando em qualidade de vida, etc, é meio óbvio, porém, é aquela coisa que falei anteriormente: é questão do encontro e tal. Ninguém está pedindo pra frequentarem a zona norte. É só uma ida, principalmente pelo fato de ser um lugar acessível ao Dan, que ainda está se recuperando do acidente. Custa fazer um esforço? Metrô do lado? Eu moro longe, e iria onde quer que fosse, só pelo prazer imenso da companhia de vocês.
Além disso tudo, porque você pode pegar blogayros. *se defende das farpas*. Ora, tem blogayro de tudo quanto é tipo na blogsville, gordo, magro, de barba, depilado, baixo, alto, enfim, é só escolher o seu! Não vou falar das minhas experiências, porque né, meu trabalho aqui é expor aos outros, não a mim. Se eles quiserem que me exponham. Mas, assim, todo mundo sabe que isso é possível na blogaysfera. E, vou te contar, graças a Deus.
Sem mais enrolação, compareceram ao encontro
Dan,
Rafa,
Lobo,
Julio e
Bruno. Um amigo meu também foi, uma vez que, após o encontro, íriamos ao Chá da Alice, uma festa no Circo Voador, Lapa. O encontro foi ótimo, falamos uma série de bobagens, gonguei o Lobo até cansar, rimos horrores de várias situações,
fofocamos muito. Enfim, um encontro como tem que ser: descontraído.
Vem, gentchy!
Nisso, as pessoas ficando um pouco chocadas com meu conhecimento sobre
quem pegou quem, quando e onde a blogaysfera, me chamando de fofoqueiro e olha. Prefiro informado. Só tenho o trabalho de cruzar informações que os próprios envolvidos me dão. Only.
Então, vamos a maior revelação da noite? Eu já sabia que rolava um climinha entre
Lobo e
Julio, já tinha sondado e cheguei a conclusão de que o encontro seria per-fei-to. Eu juro que fui sutil no início, assim que chegamos falei "Júlio, senta do lado do Lobo e puxa algum assunto". Júlio, nada. Eu, claro, como bom amigo que sou, sabendo da timidez, troquei de lugares com ele e quando Júlio foi ao banheiro..."E aí, Lobo, rola?", isso tudo sem que os participantes percebessem (ou fingiram que não estavam percebendo muito bem).
Hora de partir, acompanharíamos Lobo até o ponto de ônibus pra ele poder ir pra casa até nisso pensei, caso o Nova América não fosse muito friendly ou os dois fossem lentos demais, não sou um gênio? em segurança. Aí, no caminho para o metrô, Bruno começa a conversar com meu amigo, teoricamente hetero, mas que eu tinha certeza que era gay e depois de 10 minutos de conversa, grita, no meio do shopping:
É OBVIO QUE VOCÊ É BICHA!
Aí nego fala que eu que sou indiscreto. Meu amigo? Riu. Nisso, eu fui removendo Rafa empata foda da conversa de Lobo e Júlio, que hablaram bastante até o metrô. Eu, claro, estrategicamente, situei meu amigo e Bruno sentados juntos, Lobo e Júlio, também. Quando, de repente...
Eu: Rafa, tô chocado.
Rafa: É, eu também.
Eu: Rafa, você não tá entendendo, olha aquilo, tô chocado.
Rafa: Eu sei, eu também.
*intervalo de 10s*
Rafa: Gui, tô chocado!
Eu: Eu tava tentando te dizer isso há muito tempo, porra.
Pessoas no metrô olhando, uma senhora do meu lado fechou os olhos e a outra olhou meio indignada. Porque? Rolou pegação na blogaysfera, né? Local? Metrô Linha 2 Del Castilho sentido Centro. HAHAHAHA. Claro que rolou um sentimento de vitória e tal, mas aí eu e Rafa começamos a falar alto, que aquilo tinha que ser naturalizado, que as pessoas tinham que ser felizes do jeito que elas quiserem. Nesse momento, Lobo e Júlio mega sem-graça por algum motivo que não entendi.
Nos despedimos de Rafa e saltamos na Cinelândia, onde Lobo resolveu pegar um táxi. Claro que, na despedida, rolou aquele beijo cinematográfico e Lobo foi em direção ao táxi. Continuamos seguindo e, alguns segundos depois, Lobo vem com a gente dizendo que o taxista não estava fazendo corrida. Oi? Como assim? O taxímetro ligado e tudo. Claro que senti logo o cheiro de homofobia e falei, no alto do bom senso: "Quer voltar lá, Lobo? Eu mesmo falo com ele se você não quiser." Diante da resposta negativa, comecei logo o discurso, né?
Eu já comentei em alguns blogs sobre fazer barulho nesse tipo de situação. Acho que as coisas não se conquistam se ficarmos quietos diante desse tipo de situação. Se nós não nos fizermos ouvir, quem fará? Porque né, já sabemos da falta de competência das autoridades e acho um ABSURDO termos que nos privar de gestou simples de afeto como um beijo de despedida. Nada tinha ali de agressão aos bons costumes, nada tinha ali de maldoso. Então quem esse taxista pensa que é, negando a corrida a alguém só pelo fato de ser gay?
Porque eu jamais vou deixar de fazer determinadas coisas simples como beijar alguém, ainda mais em lugares friendly como é a Lapa, pelamor. Fato foi que Lobo conseguiu pegar um táxi na Lapa mesmo. Fomos à festa e, logo no início, eu, finalmente, consegui arrancar esse amigo do armário, do modo mais sutil possível, e espero que não tenha causado traumas. E acho que não, pela mensagem que ele mandou pra Bruno pela manhã.
A festa tava mediana, aproveitei razoavelmente. Fomos embora, levar meu amigo no ponto quando um bando de pitboys ou sei lá o que, provavelmente voltando de alguma boatezinha hetero escrota e fedorenta do centro começaram a gritar coisas como "Vai viado, vem aqui dar o cu" etc. Claro que eu ignorei, mas aí perguntou, não existe homofobia? Porque, pelo meu conhecimento, ninguém sai por aí gritando "Vai heterozinho, vem aqui comer minha buceta" ou "Vem aqui me dar, sua heterozinha". O mais engraçado é que só estávamos conversando, baixo, sem qualquer tipo de expressão de afeto. Tudo porque aquele caminho é de um matadouro lugar bem conhecido do centro: Cine Ideal.
Mas, sobrevivemos.
PS: Passei o post inteiro pensando se deveria fazer isso. Mas, como a pessoa me chamou de maldita, futriqueira, fofoqueira e derivados tantas vezes, merece.
"Curtam bastante! Não quero foto de beijo meu circulando por aí, e dá mais um beijo no Júlio por mim :p. No busão já."
De Lobo para Guilherme. 15/01 23:46.
Maldita? Sim, beijos.