segunda-feira, 27 de junho de 2011

Pais e Filhos

Sábado foi aniversário da minha mãe. Eu não gosto de aniversários na minha família, em geral, mas dessa vez decidi fazer algo de diferente. Decidi descer, beber a Coca geladíssima e socializar com minhas tias e primos.

Foi a primeira vez que eu parei para pensar na trajetória da minha família.

Toda minha família vem do Ceará, da área rural de Fortaleza (nem sei existe mais, mas naquela época era rural). São 12 irmãos - 8 mulheres e 4 homens. Os irmãos ficaram todos no Ceará, enquanto as irmãs vieram quase todas para o Rio de Janeiro. Primeiro, a irmã mais velha veio para ficar na casa de uma tia. E foi trazendo, uma a uma, as irmãs mais novas, que sempre se ajudavam e conseguiam trazer mais irmãs.

Sem escolaridade, sem cultura, sem lazer. A vida na roça, como elas dizem, era assim. Era acordar às 4h e deitar às 22h, todos dias, capinando, carregando peso, cuidando dos animais.

Algumas conseguiram se qualificar um pouco aqui no Rio e arranjaram empregos melhores. Mas a mudança veio mesmo com os casamentos. Em uma época de ditadura militar, muitas se casaram com militares enquanto outras se casaram com uns 'zé ninguéns' (minha mãe incluída).

Olhando hoje, passado esse tempo todo, todas tem casa própria. A maior parte delas foi capaz de dar condições para que os filhos chegassem à Universidade, apesar de apenas 4 cursarem/terem cursado pública.  Eu fui o primeiro da minha geração a ingressar em uma Universidade Pública. Antes de mim, duas primas e depois de mim, apenas meu irmão.

O salto social das 'paraíbas cabeças-chata' foi incrível. E minha mãe foi uma delas.

Pela primeira vez, eu reparei no jeito da minha mãe. No seu modo de agir. Na sua forma de pensar.

E reconheci tanto de mim nela. O jeito muitas vezes explosivo (embora eu esteja longe de ser uma pessoa nervosa e estressada como ela), o jeito íntimo muitas vezes não correspondido, a facilidade em angariar a simpatia das pessoas, o modo de se portar diante de situações difíceis, o jeito bêbado de ser inconveniente, enfim.

Tanta coisa que já passou despercebido. Tanto esforço do qual sou fruto e nunca tinha me dado conta.

Nesse momento foi que eu percebi algo muito importante: nunca queremos ser iguais aos nossos pais, apesar de muitas vezes os utilizarmos como espelhos, como exemplos. Porque, apesar de lutar contra tudo e todos para ter nossa própria individualidade, temos sempre tudo de melhor...e de pior deles.

E, sinceramente? É exatamente isso que nós faz tão únicos. Pela primeira vez, eu me orgulhei, emocionado, de ser filho de quem eu sou. De ser fruto do que sou. E de reconhecer que mesmo nossos defeitos tem uma importância enorme na construção de quem realmente somos.

Obrigado por me proporcionar isso, mãe.

Te amo.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Quem quer ser um estagiário?

Finalmente consegui um estágio. Estou muito muito feliz (eu não estava feliz por isso antes, eu ainda não sabia), quero tirar a cueca pela cabeça, mas ainda não descobri como.

Só pra compartilhar com vocês que enfrentaram meses de desgosto e tristeza: HEY BITCHES, I'M BACK.

As coisas estão mudando.

Só pra reforçar: estou feliz pra caralho!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Defying Gravity

É quase uma necessidade humana - mesmo que não necessariamente sua, no sentido figurado - se reerguer depois de cair no chão. No fundo, a gente sabe que o chão, o limite inferior, não é o nosso lugar. E aí começamos a dura tarefa de se levantar - às vezes nem é tão difícil. Nesse momento, você procura forças em lugares, pessoas, sentimentos etc.

Esse é o comum, não é? Às vezes, porém, rola aquela dúvida, em especial quando são quedas repetidas. Se há uma força querendo te deixar ali, porque não...ficar? Tem gente que acredita que as coisas acontecem por acontecer, que tudo é planejado por uma entidade superior (alguns chamam de Deus ou whatever).

Esse tipo de pessoa fica lá, morgando, apodrecendo nos próprios dejetos da tristeza, raiva, angústia, esperando algo acontecer. E reclamando. Eu pergunto: quem nunca? Já ouvi dizer que o que diferencia as pessoas não é o tamanho da queda, a forma como cai, mas sim, quanto tempo elas levam para se levantar. Desde que nascemos continuamos a desafiar a força mais presente na nossa vida: a gravidade. Ao mesmo tempo que ela nos mantém presos ao chão, ela nos força a cair a cada vacilo.

Nunca consegui ser o tipo de pessoa acomodada, caída, morta. Viver triste é o mesmo que não viver. Se, ainda assim, nada dá certo, nada melhora, lembre-se: você já desafia a gravidade todas as vezes que se levanta para ir trabalhar, estudar, comer ou mesmo, apenas levantar. Apenas respirar envolve uma quebra de barreiras físicas, químicas e biológicas que nenhum de nós se dá conta o tempo todo.

O trabalho de se recompôr após quedas sucessivas é realmente desanimador. Porém, acho que vou comprar o desafio. Ou melhor, já comprei, nunca aceitei viver a vida do jeito que me impunham. Chega de se lamentar, chega de sofrer inerte.

Se é pra sofrer, vou sofrer agindo, movendo.

Um dia a vida cansa de bater e te faz um curativo.