domingo, 26 de maio de 2013

O Salto

Foram uns dos três dias mais maravilhosos que eu passei do lado de alguém. Aliás, foi o período mais longo que eu, de fato, passei do lado de alguém. Tivemos 100% de tempo de momentos legais. E, acreditem, foi a primeira vez que eu, que ainda engatinho em cozinhar pra mim, cozinhei pra alguém.


Fui embora e depois disso, ficou a saudade. Porém, devido às diversas circunstâncias, incluindo viagens, um outro peguete, e certeza nenhuma do futuro (eventualmente ainda me sinto no direito de exigir certeza de um tempo que ainda não aconteceu), nos encontramos novamente no aniversário de um amiga minha, 1 mês e 1 semana depois.

E foi tão feliz vê-lo de novo. Tão bom que passamos o fim de semana inteiro juntos. E, no próximo, que seria meu aniversário, ele me ofereceu a casa dele pra comemorá-lo. E foi outro fim de semana juntos. E depois outro. E depois outro.

Aí, percebi, como criança que se dá conta da sua ingenuidade, que tinha saltado. Saltado? Sim, saltado. Não pensei em nada. Não pensei na minha volta daqui a alguns meses. Não pensei no quanto seria difíicil.

Segurei sua mão e me joguei. Fui. Caí. Vivi o hoje. Estou vivendo o hoje.


E nunca fui tão feliz.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

A vista


Depois do maravilhoso primeiro encontro que tivemos, nada mais natural que nos encontrarmos mais vezes, certo?

Não. Nos falávamos eventualmente, mas só fomos nos ver efetivamente quase 1 mês depois. Eu tinha um congresso pra ir em Amsterdam e precisava de um lugar pra ficar. Eu tinha um amigo lá e sabia que poderia ficar na casa dele. Porém, Max - agora ele merece um nome - tinha me oferecido a casa dele pra ficar durante os 3 dias de congresso e eu acabei topando. Por que não?

Foi nesse momento que tudo mudou. Até então, eu o via apenas como pegação, alguém pra curtir meus últimos meses de Holanda, um fuck buddy, na melhor das hipóteses. Ele tinha viajado pra Paris no fim de semana, então chegaria super tarde na segunda (primeiro dia de congresso) e, para piorar a situação, o celular dele não estava funcionando bem. Mas só descobri isso depois de chegar da festa open bar do congresso com meu amigo. Já eram 0:30.

O que qualquer outra pessoa faria na nossa situação? Deixaria pro outro dia. Porém, o efeito do álcool, que deixa não só a língua e a boca, mas também os dedos que digitam mensagens mais frouxos, enviaram a seguinte mensagem: 

G: Eu realmente quero te ver hoje. 
M: Eu também, quer que eu te busque? Posso te carregar na bicicleta, o único problema é que meu celular não está funcionando e eu não faço ideia de como chegar na casa do seu amigo.
G: Ah, então tudo bem. Amanhã eu te encontro, vai ficar muito difícil hoje.
M: Se você realmente quiser, eu vou.
G: Então vem.



45 minutos depois (tempo aproximado do GoogleMaps) lá estava ele. Às 2:13 da manhã. Depois disso, foi mais 1 hora de pedalada de volta (ele tinha que me carregar na bicicleta ainda). Um detalhe: os dois tinham que acordar 7:30 da manhã. Quando chegamos, ainda conversamos um pouco e fomos dormir. Nem um beijo, nem nada. Apenas a certeza de que ele tinha subido alguns degraus na minha escala pessoal.

Degraus? Não. Talvez tenham sido andares.

terça-feira, 21 de maio de 2013

O Caminho


Não tem sido fácil.

Com alguns dias a mais que três meses para voltar, a única certeza é o sofrimento. Mas isso fica para próxima, porque não importa o quão ruim uma situação seja, o que importa é como você age diante dela.

E eu escolhi viver o hoje.

Ironicamente, apesar de ter "conhecido" muitas nacionalidades aqui na Holanda, só me envolvi com holandês. Todos os peguetes com potencial eram holandeses. Destino ou não, foi assim que foi sendo até janeiro. Eu não tinha me envolvido a sério com ninguém até esse momento e como meu tempo de Europa estava acabando, achei justo abraçar a vida da pegação. Pra valer.

Aí veio o primeiro holandês que mexeu comigo de verdade. Era, sem sombras de dúvidas, o Mr. Perfect. Tinha futuro, era o meu tipo físico, nossa conversa fluía, idade compatível, enfim, adjetivos suficientes para passarmos o dia inteiro conversando por whatsapp. Mas tinha um problema: como todos os casos que eu me envolvi a sério até hoje, ele tinha acabado de terminar um namoro.

E não é que eu estivesse procurando um "namorado". Estava procurando alguém. Alguém que eu não precisasse pedir pra beijar, alguém que eu pudesse só dormir agarradinho, só assistir um filme, que eu pudesse contar das felicidades e tristezas da minha vida. Não deu duas semanas, a mensagem fatídica, que eu já tinha ouvido duas vezes anteriores: "Estou me envolvendo, não quero, não posso. Desculpe, você é ótimo, mas não estou preparado para nada agora".

E isso me arrasou, me deixou mal. Fiz o que qualquer idiota faz nessa situação: se isola. Mas já tinha um date marcado há tempos, e eu fui. E lá estava ele, sem expectativas como eu. Porém, ele estava na mesma situação dos anteriores: não fazia muito tempo, tinha terminado um relacionamento de 5,5 anos. Eu só queria "diversão", então, pouco importava. Mas o destino reserva pra gente cada situação...que jamais poderíamos imaginar.

O primeiro encontro foi muito melhor que esperado: as 3 horas iniciais que era pra durar, se transformaram em 7.


E esse foi o primeiro passo rumo ao abismo...