quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Meu xodó

Para tudo que meu bebê lindo chegou ontem!



Eu estou que nem uma criança aprendendo a mexer (touch é absurdamente difícil!!!) e baixar apps que todo mundo sempre falou (inclusive esse que vocês estão pensando), enfim. Estou MUITO feliz. E sabem quanto custou minha felicidade? €130,95.

This is Europe!


domingo, 23 de setembro de 2012

Going Dutch #1

O impacto cultural na Holanda é muito...impactante.

E ele vem rápido.

Como eu disse antes, eu nunca tinha viajado de avião e, não tão obviamente assim, nunca tinha ido no aeroporto. Eu achei o Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão-RJ) enorme e razoavelmente mais bonito do que eu imaginava. Então, eu cheguei no Schiphol. Meu primeiro choque: o Galeão é uma rodoviária, praticamente.

Minha hostess foi me buscar de carro no aeroporto, saímos rapidinho de Schiphol (que, na verdade, é considerada outra cidade e não Amsterdam) e pegamos a autoestrada. Nesse tempo, claro, já deu para perceber o quanto o trânsito é diferente: bicicletas e carros não dividem exatamente o mesmo espaço, mas se cruzam o tempo inteiro (aquilo pareceu uma loucura para mim). É necessário muito mais atenção do que no Brasil, apesar de que os motoristas holandeses me pareceram mais competentes.

Ao chegar em casa, outro choque: aqui, é bem incomum você ter apenas um banheiro, geralmente, você tem um lavabo (vaso sanitário com pia...ou não) e outro banheiro com o box e a pia, para tomar banho e deixar a máquina de lavar, geralmente. Então, visualize a cena escatológica de fazer cocô em um lavabo, sair, abrir a porta em direção a um outro banheiro que pode ficar até em andares diferentes (!) para lavar a mão. Ou, pior, lavar a mão na cozinha. É, não é muito legal.

Além disso, na Holanda, não se almoça. I mean it. Eles só fazem uma refeição quente por dia e essa refeição é, geralmente, a janta. O almoço é feito de sanduíches com todos os tipos de pastas, queijos, presuntos, carnes e patês acompanhados de eventuais saladas e com a mais diversa variedade de sucos possíveis e imagináveis (da vibe abacaxi com coco e manga com limão e morango).

Típico almoço holandês.

Esses, obviamente, são os impactos mais práticos.

O verdadeiro "Go Dutch" ainda estava por vir.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Brave New World

Quando eu saí do avião da KLM, passei por aquele "tubo" (me senti criança novamente, só que com malas e barba mal-feita) e pisei, de verdade, no Schiphol, eu fiquei parado. Perdi completamente a noção do tempo.

Eu olhava para o aerporto, mas não enxergava nada. Eu sentia um misto de felicidade, medo, conquista, desejo, raiva...Eu quis tanto viver aquilo, aquele sonho...pisar na Europa. Eu fiquei mudo. E chorei. Pela primeira vez, em toda a trajetória desse intercâmbio, eu chorei. Chorei como um bebê, soluçando e andando em direção à imigração. Era impressionante como eu não conseguia falar nada. Lembro bem de um texto do Fernando sobre o apagão linguístico que ele teve ao chegar no aeroporto de Frankfurt e posso dizer que foi exatamente isso que aconteceu.

"Eu: dsfsfsafsdafsdsfa - tentativa frustrada de falar inglês -
Guard: Do you speak English?
Eu: ?"

Quando me recompus e consegui chegar na imigração com todos os documentos e a conversa com o holandês simpático foi:

"Dutch: O que você veio fazer aqui?
Eu: Estudar.
Dutch: Onde e por quanto tempo?
Eu: Universiteit Utrecht (arranhando meu holandês) e por um ano.
Dutch: Boa pronunciação! Você vai adorar Utrecht, é uma cidade muito legal. Aproveite sua estadia aqui!"

*carimbo*

E foi isso. Eu passei pela imigração, estava legal, na Europa. Saí, fiquei louco procurando a minha bagagem com a tag e passei pela alfandega ("nada a declarar, seus gostosos").

Cheguei na Europa. E eu tinha toda certeza e incerteza do mundo comigo naquele momento.


Oh, brave new world,
That has such people in't. !

domingo, 16 de setembro de 2012

The Climb #3

Eu nunca tinha viajado de avião.

Eu tenho um medo de altura razoável, mas que foi superado graças a 3 anos de estudo na Fiocruz, o que me fazia ter que atravessar aquela "passarela" (em péssimo estado e que balançava como um pula-pula) todos os dias.

A despedida no aeroporto foi aquela coisa: toda a família buscapé reunida, mamãe se desfazendo de tanto chorar e eu me sentindo culpado. Culpado? Por quê? Simples: eu não estava triste. Eu amo meu país, amo minha cidade e minha família, mas aquilo, para mim, naquele momento, não significava muito. Eu estava, finalmente, realizando um dos meus maiores sonhos: não apenas viajar na Europa, mas MORAR lá.

Em um país que eu sempre tive simpatia. Eu não estava meramente indo estudar, eu estava indo estudar na MELHOR universidade holandesa, top 50 do mundo, top 10 na Europa. Era o meu sonho de, finalmente, ter a oportunidade de estudar em uma instituição de ponta. Era o meu sonho de conhecer onde a cultura ocidental que hoje impera (?) começou, conhecer o berço dos artistas e pensadores que você ouviu falar a vida inteira.

Eu estava excitado. E assim que o avião acelerou rumo à Amsterdam e eu fui vendo meu Rio ficando cada vez menor, fui vendo os quarteirões e cidades tornando-se apenas pequenas luzes. Até que em um momento, não via mais nada. Apenas a noite do Oceano Atlântico que, ainda sim, era maravilhosa, com a Lua lá, enorme, olhando pra mim.

Mais lindo ainda foi ver as nuvens de cima e depois testemunhar o magnífico encontro das terras francesas com o mar. Observar os mosaicos que as fazendas fazem, o pasto e, finalmente, as terras molhadas. Os lagos, os diques, os canais.

Schiphol. Amsterdam.

Dames en heren, willen we melden dat onze aankomst in de luchthaven Schiphol zal plaatsvinden in 5 minuten. Maak uw riemen en danken u voor uw voorkeur voor KLM.

Ladies and Gentleman, we would like to announce that our arrival in the Schiphol airport will occur in 5 minutes. Fasten your belts and thank you for your preference for KLM.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

The Climb #2


Uma parte razoável da história vocês já sabem.

Enquanto eu corria por fora para meu intercâmbio na Holanda, eu também investia em outras áreas, fazendo entrevistas para indústrias farmacêuticas multinacionais. Nesse meio tempo, fui selecionado para ser estagiário na área de Desenvolvimento de Produtos, em uma indústria alemã. Era a indústria que eu mais tinha sonhado em trabalhar desde que comecei a procurar estágio.

Enquanto as dificuldades da Holanda cresciam, com uma grande desorganização e falta de articulação entre o CNPq, a Nuffic (parceiro responsável por intermediar o contato entre as universidades holandesas e o CNPq) e as próprias universidades, eu me encontrava no meu trabalho. Apesar de, em pouco tempo, se tornar claro que não seria a área que eu gostaria de trabalhar por toda a vida, o que eu aprendia ali, naquele momento, me consumia e me preenchia de uma maneira inacreditável.

Além, claro, do meu apego às pessoas. Eu me apego muito fácil, então, se tornava cada vez mais difícil uma possível escolha entre continuar lá e ir pra Holanda. Mesmo com muitas dificuldades, as barreiras foram se tornando mais brandas e caíram, uma a uma, diante da minha persistência. Primeiro, o teste de proficiência em Inglês, língua na qual meu conhecimento foi todo oriundo de autodidatismo, depois o contato com as universidades diretamente, um turbilhão de problemas, CNPq e seu reconhecimento de firma, enfim.

Tudo e, absolutamente, tudo, passou. Após a resposta positiva, começou a luta para os preparativos da viagem: conversão para euros (veja que piada: o CNPq depositou os valores iniciais com a cotação comercial, mas nós só podemos comprar com cotação turismo. Resultado? Perda de ~€300-400), arrumar a bagagem, entre outros.

Ainda havia o detalhe de eu nunca ter andado de avião.

E minha primeira viagem, direto para Europa, seria de longas 11:15h...

sábado, 8 de setembro de 2012

The Climb #1

É irônico.

O nosso destino é muito irônico. Algumas vezes, para o que nós julgamos ser o melhor e, outras, para o que julgamos ser o pior. Há um pouco menos de um ano atrás, eu vivia a frustração de não poder participar de um processo seletivo da minha universidade para estudar em Portugal por um ano. O porquê? Uma das exigências era de poder se bancar, sem ajuda de custo para nada, durante esse período.

Obviamente, eu não podia. Tentei viabilizar algumas formas, mas todas fracassaram. E, assim, vi meu sonho, de estudar fora, de conhecer a Europa, se afastar ainda mais. Até 2012. Até o momento em que eu defini para mim que não podia ser assim. Eu sabia que existiam bolsas que eu poderia fazer uso. Devia ser, de alguma forma, possível para mim...também.

Uma amiga participou de um processo para Portugal, em outro programa e, dessa vez, com bolsa. Foi aprovada. Lembro perfeitamente do convite que ela me fez a participar também, me incentivando. Eu tive preguiça. Tive soberba ("Não quero ir para Portugal, falar português. Quero aprender uma nova língua, ir para um país que é melhor, de verdade", pensei).

Quando ela foi aprovada, quando ela me ligou contando, eu fui inundado por dois sentimentos. O primeiro, a alegria, a felicidade por realizar, de alguma maneira, meu sonho em outra pessoa, tão próxima. O segundo, porém, foi um sentimento menos nobre. De inveja, não de estar no lugar dela, mas de não ter tido o mesmo discernimento e ter agarrado a oportunidade. Como ela fez.

Por coincidência, uma ou duas semanas depois da resposta da minha amiga, enquanto eu estava lendo o site do G1 para que meu cérebro não derretesse, eu vi o anúncio do 3º edital do Ciência sem Fronteiras (Science without Borders). Comentei com a minha atual chefe e ela disse: "Tenta".

Essa foi a primeira pedalada rumo a um desconhecido que eu jamais acreditei ser possível...para mim.