Fiquei parado alguns minutos pensando no que escrever. Pode parecer forçação, mas eu sei que preciso. E quero escrever.
É impressionante como a vida dá voltas na gente. Isso tudo já é batido, mas tem um efeito diferente de quando você é que está dizendo as coisas. Nós acabamos nos apegando a tantas coisas que, vemos, depois de um ou dois (dias, semanas, meses, anos?) não foram nem tão importantes, nem tão úteis assim. É como se o esforço fosse em vão.
Mas nós continuamos lutando, seguindo, a vida não pára. E, de repente, faltam palavras para descrever como nos sentimos, faltam atitudes para agir em tantas situações que parece que toda sua bagagem de vida é inútil. Mas você segue. Segue. Segue. Segue. Às vezes, até se recupera. Outras vezes, vai mais longe do que queria (ou devia?).
Eventualmente, tudo acaba. Um borrão preto atinge seus olhos e você fica preso no êxtase-tempo para sempre. Sem noção de quem foi, de quem é e de quem será, se é que virá a ser qualquer outra coisa. Só fica pensando no porquê das coisas. Calma, há tempo para perguntar.
Hoje minha mãe me ligou, bem mais cedo, aos prantos, dizendo que uma tia muito próxima havia morrido ontem, de parada cardiorrespiratória decorrente de dengue (meu corpo inteiro na área da saúde ficou com ?, mas que não vem ao caso). O enterro deve ser hoje e ela solicitou (risos?) minha presença.
O problema é que eu tenho dois compromissos importantíssimos hoje. Hoje é um dia muito importante de preparação. Eu não sei como lidar. Mas é/foi (nunca sei que verbo inserir nessas situações) minha tia. A mais próxima da família do meu pai, a única que realmente se importou com a gente. Talvez, por isso, seja a única que realmente merece esse esforço.
As pessoas morrem. A vida segue. The show must go on. Deixa eu viver minha tristeza seguindo meu dia, ao invés de chorar sobre um corpo agora gelado e que, para mim, nada mais representa. Resta só a lembrança, a memória dos momentos bons.
E a reflexão incerta de uma manhã de segunda-feira.