segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O Porquê das Coisas

Fiquei parado alguns minutos pensando no que escrever. Pode parecer forçação, mas eu sei que preciso. E quero escrever.

É impressionante como a vida dá voltas na gente. Isso tudo já é batido, mas tem um efeito diferente de quando você é que está dizendo as coisas.  Nós acabamos nos apegando a tantas coisas que, vemos, depois de um ou dois (dias, semanas, meses, anos?) não foram nem tão importantes, nem tão úteis assim. É como se o esforço fosse em vão.

Mas nós continuamos lutando, seguindo, a vida não pára. E, de repente, faltam palavras para descrever como nos sentimos, faltam atitudes para agir em tantas situações que parece que toda sua bagagem de vida é inútil. Mas você segue. Segue. Segue. Segue. Às vezes, até se recupera. Outras vezes, vai mais longe do que queria (ou devia?).

Eventualmente, tudo acaba. Um borrão preto atinge seus olhos e você fica preso no êxtase-tempo para sempre. Sem noção de quem foi, de quem é e de quem será, se é que virá a ser qualquer outra coisa. Só fica pensando no porquê das coisas. Calma, há tempo para perguntar.

Hoje minha mãe me ligou, bem mais cedo, aos prantos, dizendo que uma tia muito próxima havia morrido ontem, de parada cardiorrespiratória decorrente de dengue (meu corpo inteiro na área da saúde ficou com ?, mas que não vem ao caso). O enterro deve ser hoje e ela solicitou (risos?) minha presença. 

O problema é que eu tenho dois compromissos importantíssimos hoje. Hoje é um dia muito importante de preparação. Eu não sei como lidar. Mas é/foi (nunca sei que verbo inserir nessas situações) minha tia. A mais próxima da família do meu pai, a única que realmente se importou com a gente. Talvez, por isso, seja a única que realmente merece esse esforço.

As pessoas morrem. A vida segue. The show must go on. Deixa eu viver minha tristeza seguindo meu dia, ao invés de chorar sobre um corpo agora gelado e que, para mim, nada mais representa. Resta só a lembrança, a memória dos momentos bons.

E a reflexão incerta de uma manhã de segunda-feira. 

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Inteligência Regulatória

Toda indústria precisa de regulação legal, especialmente as indústrias que lidam com Saúde (aqui, com o S maiúsculo). A regulação sobre esse tipo de indústria não é só mais rígida - em termos legais, propriamente ditos - como mais exercida (ainda que seja muito falha em diversos aspectos). Não poderia se esperar o contrário, uma vez que as indústrias da Saúde lidam com vida diretamente. No caso da farmacêutica, além de um setor jurídico existe um setor chamado de Assuntos Regulatórios, que lida diretamente com a ANVISA e outros órgãos competentes.

O setor de Assuntos Regulatórios é o responsável por dialogar com o órgão de vigilância sanitária de cada país, no caso do Brasil, a ANVISA, e dos Estados Unidos, o FDA. Porém, seu escopo se estende ainda dentro da indústria, sendo o responsável por interceder, principalmente, com o setor de Marketing. Ele configura-se, portanto, como um setor interdepartamental, composto principalmente por farmacêuticos, uma vez que o conhecimento técnico da área é fundamental, diferente de outros setores.

A rotina do setor de Assuntos Regulatórios, porém, passa longe de uma mera reunião de documentos e seu posterior envio à ANVISA, para os procedimentos de registro ou pós-registro de produtos. Existe todo um trabalho de interpretação estratégica das normas publicadas pelo Diário Oficial da União, por exemplo, visando o menor prejuízo possível sobre os negócios da indústria ou mesmo uma vantagem comercial com seus principais concorrentes.

A regulação na Indústria Farmacêutica é importante não só do ponto de vista da mera adequação à legislação vigente, mas também como setor estratégico. O setor de Assuntos Regulatórios revela-se como a chave para uma vantagem comercial junto mesmo ao órgão de regulação, configurando-se como um setor de inteligência, estratégico, fundamental para a Indústria Farmacêutica.

(texto revisado e ampliando de uma dissertação pedida em uma entrevista).

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Entre o que você pensa e como você age

Acho que se tem uma coisa que devemos levar em conta em qualquer tipo de relacionamento, é aquele sentimento basal sobre alguém. Como assim? Eu explico: sabe quando você só tá do lado da pessoa, sem trocar uma palavra, sem trocar nenhum gesto, sem nada, apenas a presença (ou seria, então, com tudo)? É aí que você sente a atmosfera real da pessoa, se ela te faz sentir bem, se ela te faz sentir mal.

Em geral, é isso que me faz me apaixonar por uma pessoa. Posso dizer que meus melhores amigos e duas pessoas que já despertaram essa sensação tem essa atmosfera leve, de deixar à vontade, de deixar bem. E isso só se torna mais claro quando a pessoa abre a boca, quando ela age. Enfim, na teoria, é isso que me atrai.

Porém, não é a primeira vez em que eu me deparo com alguém assim, muito legal, muito simpático, muito agradável e que não me desperta esse interesse todo por um motivo: beleza. Ou melhor, a ausência dela. Não que eles (o atual e o de um passado não tão distante) sejam horrorosos. Mas eles não têm aquela beleza que eu considero basal (será que sóbrio meu nível é alto demais?). Sempre penso "Vou ter coragem de apresentar aos meus amigos e lidar com os posteriores olhares/comentários de 'não tinha nada melhor?'".

É o confronto entre como eu penso, como eu acho bonito e como, de fato, eu ajo, tomo minhas atitudes. Tenho a ideia muito clara de o quanto mais nos limitamos em relação a requisitos para conhecer pessoas, mais nós perdemos um bocado de pessoas legais, interessantes e que acrescentariam muito às nossas vidas, talvez não enquanto amantes, mas enquanto amigos.

E se tem uma coisa muito legal que acontece no meio gay com muita frequência e é relativamente raro no meio hétero, é conhecer amigos ficando.

O que me incomoda é isso: por que eu dou tanto valor à personalidade, ao que a pessoa é enquanto ser humano, mas, ao mesmo tempo, não consigo me livrar de uma barreira estética que foi claramente implantada em algum momento da vida, que me dita com quem eu posso ter algo mais ou não?

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Physical

Se existe um inferno para gays na Terra, esse inferno se chama academia. Não é pelos exercícios, mas pelos homens ma-ra-vi-lho-sos que insistem em ficar roubando sua atenção. Cadê que eu consigo me concentrar na série quando parece que eu sou o único franguinho da academia? Quando todos os caras tem braços do tamanho da minha coxa (que não é pequena, por sinal) e pegam mais de 100 kg com um braço só?

E o pior de tudo: QUANDO O PROFESSOR CHEGA COM A BARRACA ARMADA NAQUELE SHORT TECTEL, como lidar? O que fazer quando ele age como se nada estivesse acontecendo? [...]

Fato que sempre me incomodei com o meu corpo, especialmente pelo um fator chamado 'irmão'. Meu irmão é mais alto, mais forte (já era todo definidinho mesmo antes de entrar na academia) e sempre foi mais visado, por homens (nem preciso dizer que meus amigos dormem lá em casa e ficam todos ouriçados por ele, né?) e mulheres. Já eu sempre fui o magrelo, durante muito tempo dava para contar certinho minhas costelas de longe, apesar de ser bem alimentado (aliás, como até demais!).

E aí que hoje faz 1 mês que estou na academia, malhando pelo menos 3x na semana, sendo que às vezes consigo malhar 6x! É engraçado que eu saio da academia todo inchado (acho que todo mundo, né) então parece que o músculo cresceu horrores. Nem sei quanto tempo leva para começar a ficar fortinho sem tomar nada (tempo das vacas raquíticas is back), mas vou te dizer que nem é tão chato quanto eu pensava.

O interessante é que só acho que tá funcionando quando eu sinto dor, quando sinto o músculo tremendo mesmo quando não está sendo contraído (S&M?). O problema é que eu nunca sei exatamente quando aumentar os pesos, já que muitas vezes para de doer, mas ainda é pesado demais (que diga o fiapo que eu tenho chamado de bíceps).

Enfim, contagem regressiva para o carnaval?

We'll see.

[Precisava tratar de futilidades, minha vida tá muito pesada ultimamente].


domingo, 2 de outubro de 2011

Elogios

Já perceberam o quanto nós temos dificuldade de dar elogios? E de recebê-los, também?

Exemplos: quantas vezes vocês já disseram 'você ficou ótimo nessa roupa'? Quando você diz isso, está qualificando a roupa, a roupa 'tornou' a pessoa bonita. Experimentem dizer 'essa roupa ficou ótima em você' ao invés, e vocês perceberam que causa um efeito positivo, efetivamente. Peçam para alguém dizer das duas formas também, a diferença é sensível.

O mesmo acontece com o 'cara', 'garoto', 'garota', 'menina' etc. 'Você é uma menina muito inteligente'. 'Uma menina' pode ser qualquer pessoa, não é necessariamente você. Já quando você fala 'Você é inteligente', aí sim, o elogio torna-se pessoal, único, feito para você (Itaú feelings?).

E a receber elogios? Quantas vezes, quando alguém te elogiou, você não disse 'Ah, que isso!', 'Sério, você achou?' ao invés de um simples 'Obrigado!'. E uma coisa que as pessoas confundem muito é humildade com modéstia. Modéstia é mentir, é dizer que você não é o que você sabe que é. É dizer, sabendo que é bonito, 'ah, eu nem sou bonito assim' (isso também pode ser uma forma de extrair carícias ou elogios). Humildade é, saber que ser bonito não te faz melhor do que ninguém. E isso vale para todas as outras qualidades. Experimentem apenas agradecer diante de um elogio real e verão que é bom, é 'quentinho'.

As pessoas tendem a guardar elogios para momentos especiais, quando na verdade eles devem ser dados todo o tempo. E isso não quer dizer mentir, quer dizer que você repara nas pessoas e consegue observar suas qualidades também. Gongar, todo mundo gonga sem muito problema, mas e elogiar? E isso nada tem a ver com bajulação, tem a ver apenas com reconhecimento.

Tem um texto muito legal que explica a questão de carícias positivas e negativas para crianças, segundo a Teoria da Análise Transacional, leiam aqui. É o primeiro texto.