quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Equívocos

A vida é movida a equívocos. Alguns trágicos, alguns felizes. Todos equívocos.

Aquele melhor amigo que você um dia odiou. Aquele que você não tem mais contato, mas que já foi seu melhor amigo. A paixão que te consumiu e hoje te enoja. A questão que você respondeu com toda a certeza do mundo e errou. A questão que você chutou, sem ter a mais vaga ideia do que estava escrevendo e levou o ponto inteiro.

Acho bobagem acreditar no acaso. Os equívocos acontecem por uma razão, não é?

O exemplo mais recente é a minha própria estadia na Holanda. No mesmo período de inscrição para o processo do Ciência sem Fronteiras (o qual eu estava com uma preguiça imensa de tentar), eu tinha feito duas entrevistas para uma multinacional francesa e uma alemã. Na entrevista para a multinacional francesa, eu fui perguntado se eu tinha vontade de fazer um intercâmbio, passar o tempo fora. Nesse momento, me perdi.

Olhei para cima - denotação clara de imaginação na linguagem corporal - e disse sim. Fomos para outras perguntas e explicações, mas ficou nítido nos meus olhos toda a história que tinha passado na minha mente, tudo que eu imaginei, tudo o que eu queria viver. Um simples, rápido e modesto sim foi o suficiente para que eles entendessem. No final da entrevista, a sentença: Corra atrás desse sonho, lute para conquistá-lo. Quem sabe, ele só está esperando você abrir os seus olhos para ele.

A única clareza naquele momento foi de não ser aprovado para o estágio. Recebi a resposta negativa da indústria francesa poucos dias depois e da alemã, 1 semana depois. Fiquei arrasado. Irônico e sarcástico, como de minha natureza, pensei: É um sinal. É um sinal de que eu tenho que tentar esse intercâmbio, vai que isso é só uma forma de me dizer isso? ri. E fiz a inscrição que, ironicamente, estava atrelada ao meu fracasso em conseguir um dos estágios.

Chasing Pavements, eu disse. Por que eu continuava lutando por algo que eu sabia, sentia e previa que nunca chegaria? Que eu nunca conseguiria alcançar? Mas eu fui em frente, disposto a dar murro na ponta da faca mais afiada que enfrentei nessa vida. Disposto a dar o outro lado da cara a tapa.

Finalizar inscrição? 

Inscrição finalizada com sucesso.

No dia seguinte da finalização da minha inscrição, durante outra entrevista, menos importante, recebi uma ligação: a multinacional alemã tinha aberto outra vaga, e eu fui selecionado para essa vaga. Sorri, feliz, surpreso e sem saber o que esperar mais dessa vida. Nada tão bom poderia acontecer comigo durante um bom tempo.

Equívoco.

Equívoco que eu demorei alguns meses para entender e perceber: eles não acontecem por acaso.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

3 meses

Ontem fez exatamente três meses que eu peguei o primeiro avião da minha vida. Lembro perfeitamente da sensação de montanha russa ao decolar, do tédio depois da primeira hora de voo rumo ao desconhecido. Lembro, ainda, de como achei a comida do voo bem apimentada, porém, gostosa. Lembro da minha vida em um novo idioma começar logo ali, tendo que pedir water pela primeira vez, ao invés de água; orange juice, ao invés de suco de laranja.

Lembro da aterrissagem e das lágrimas descendo assim que dei o primeiro passo no Schiphol, o aeroporto internacional dos Países Baixos. Lembro da primeira foto no I Amsterdam e como aquilo representava a realização de tudo que eu tinha sonhado durante tanto tempo.

Lembro também da primeira vez que fui expulso de uma boate, no primeiro dia aqui. Da primeira frustração por não ser europeu, lembro da primeira vez em que não soube falar alguma coisa e inglês e tive que assumir isso para os meus colegas, que riram e disseram: That happens to everybody, all the time. Lembro das primeiras palavras de incentivo que dei para pessoas que eu mal conhecia e das primeiras palavras de incentivo que recebi.

Lembro do primeiro abraço, do primeiro flerte e do primeiro beijo. Da primeira vez que dormi fora. Da primeira vez que me perdi, me encontrei e me perdi de novo. Do primeiro tombo de bicicleta e da primeira ida ao médico, depois ao hospital e depois ao médico de novo. Da primeira vez que acordei ao lado de um desconhecido que se tornou um grande amigo.

Da primeira palavra em holandês. Da primeira ida ao supermercado e da primeira sensação de O que diabos eu estou fazendo aqui?

Provavelmente, ainda estou na lua de mel com a Holanda. Provavelmente, ainda vou decepcionar e surpreender muito.

Lembro ainda de, como olhando para trás, pensando em tudo que eu vivi no Brasil, eu era feliz. Apesar de tudo, eu era feliz. Mas, sem erro, posso dizer que, hoje, sou mais feliz aqui.

Foi aqui que me encontrei. E é daqui que não quero mais sair.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Parijs #2

O primeiro dia em Paris foi, como deveria ser, incrível. Eu cheguei às 5:42 em Paris, de busão, após quase 7 horas de viagem da Holanda. Teria sido tudo lindo caso não tivesse uma turminha de brasileiros extremamente conveniente cantando até às 3 da manhã, impedindo todo mundo de dormir. Depois de demorar horas para encontrar o metrô, entender onde eu estava e para onde eu iria (o metrô de Paris funciona maravilhosamente bem, mas não é nada noob friendly).


Cheguei na casa do Fer às 7:15, colocamos o papo em dia, e saí de lá pra vida meio-dia. E entrei nesse mundão que é Paris. Cidade linda demais.


O primeiro choque, para mim, reles falante de duas línguas, foi que os parisienses não gostam/não sabem/não querem falar inglês. Teve gente que SE RECUSOU a falar inglês comigo. Óbvio que existe toda uma questão cultural (vale lembrar que, das três cidades mundiais, Paris é a única que não é anglófona), mas foi meio chato para mim. Naturalmente, como toda pessoa bem relacionada, estava com amigos que falavam francês :).

No primeiro dia, o roteiro foi simples: Louvre e Notre Dame. E wow! Eu literalmente me perdi no Louvre umas 342342 vezes. Mas quem disse que reclamei? Cada seção era mais linda que a outra. Claro que vi a Gioconda (Monalisa) e a Vênus, mas o Louvre tem tão mais a mostrar. Sinceramente? É um programa pra semana inteira! 


A catedral é belíssima também!


Me despedi de Paris em grande estilo: Torre Eiffel (que descobri que sempre falei errado), Arco do Triunfo e Champs-Élysées. Faltou ainda o Palácio de Versailles e Moulin Rouge.


Essa foi minha visita ultrarrápida à cidade da luz. Paris é belíssima mesmo nos seus defeitos (por exemplo, a cerveja que custa €5 euros na boate. E eu reclamando de Amsterdam que era €2,80). Eu volto pra ver o resto da cidade e sentir um pouquinho mais da vibração francesa.

Je ne regrette rien...