Conto nos dedos as pessoas que eu realmente posso chamar de amigos. Amizade, para mim, é algo que transcende todo e qualquer sentimento que podemos ter, até de amor. Ou melhor, é um amor tão potente, tão único, tão sincero, tão nobre. Tão único, que seria maldade compará-lo ao amor
Amigo não é aquele que te dá presentes caros. Amigo não é aquele que enxuga suas lágrimas. Amigo não é aquele que te dá conselhos. Amigo não é aquele que passa a mão na sua cabeça. Amigo não é aquele que sempre sai com você.
Amigo, para mim, é aquele que sabe que a sua presença pode ser o melhor presente. Amigo é aquele que sabe que chorar é fundamental e que você tem todo o direito de sentir triste em algumas situações. Amigo é aquele que sabe que, às vezes, o silêncio é a melhor forma de dizer alguma coisa. Amigo é aquele que te dá esporro, mas na hora certa. Amigo é aquele que recusa sair com você, mas te oferece uma tarde em casa para vocês passarem algum tempo juntos.
Só existe uma coisa que eu valorizo mais do que a amizade, e é a minha mãe. Quando considero alguém como amigo, considero que é parte de mim. É uma pessoa que, invariavelmente, lembro nas coisas mais singelas. Na gíria que era só nossa (Um dragão nas costas!), nas atitudes que a gente sabe que o outro vai ter. Nos olhares que para os outros precisariam de uma conversa de 1 hora para serem explicados.
É aquele que você fala no MSN mesmo só tendo 1 minuto na LAN House, só para dizer 'oi te adoro to saindo bjs' (quem precisa de vírgulas para entender?).
E quando você perde essa relação? Quando tudo, magicamente, se desmaterializa? Quando os olhares não são mais os mesmos? Quando a vontade de ficar perto se torna repulsa? Quando as conversas se tornam sufocantes?
Às vezes, a causa foi um gesto. Às vezes, a causa foi uma atitude. Às vezes, a causa é a própria incoerência inerente a todos nós. Só que, em alguns assuntos, isso machuca. Isso dói. E aí fica difícil suportar. Não é por falta de sensibilidade da pessoa. Nem excesso de sensibilidade da sua parte. Cada um tem seus motivos mais profundos para fazer o que faz.
Mas existem momentos, e não são poucos, em que você espera uma determinada atitude de um amigo. Você não precisa pedir para aquele amigo agir daquela maneira, mas você acredita que toda a história que vocês viveram juntos já indicou para ele o caminho a ser seguido. Aí, essa pessoa, simplesmente, vai na contramão. E você fica imóvel, duro, doente, frio. E, porque não, morto? Como se tudo tivesse necrosado.
Quem é você para julgar? Quem é você para dizer 'sim' ou 'não'? 'Pode' ou 'Não pode'?
Apesar de ser uma música com todo um tom romântico, acho que Torn define bem como estou me sentindo.
Rasgado. Jogado no chão. E nenhuma alma viva para me estender a mão.