quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Eu sou Blogayro

Pra quem não sabia, agora sabe. 

Pra que desconfiava, agora tem certeza.

Eu, particularmente, acho que eu deveria ter começado o blog com esse post. Mas, como disse uma amiga minha, eu não tive "cu" pra isso. Sim, não tive coragem. Mas eu acho que vocês merecem um Guilherme mais integral.

Eu nunca achei que ser gay era ser uma abominação, doença ou qualquer tipo de problema. Mas, eu sempre me perguntei porque eu tinha sido escolhido parar viver uma vida cheia de preconceito e discriminação alheios. Por boa parte da minha vida (ou seja, uns 6-7 anos) eu achei que eu seria feliz, mesmo tendo uma vontade absurda de ficar com outros caras, com uma mulher apenas. Passei todo meu ensino fundamental II (5ªa á 8ª) e todo o meu ensino médio com esse pensamento. De que um dia eu acharia aquela mulher linda e perfeita, nós nos casaríamos, teríamos filhos e seríamos o estereótipo da família feliz.



Mas, como diz um outro colega meu, "existem coisas que a gente não precisa procurar, elas vem até a gente". O fato foi que um dia antes do churrasco de despedida do 1º período da minha turma, eu tinha beijado um cara. E foi horrível. E eu fiquei com a cabeça a mil.

E então, as coisas foram naturalmente acontecendo. Meu critério para contar que eu sou gay sempre foi confiança ou "el@ vai acabar descobrindo quando me ver na night". E isso era um segredo que algumas pessoas não tinham sensibilidade o suficiente para guardar.

O que importa é que ser gay é apenas uma das minhas milhões de facetas. Uma, apenas, das minhas várias qualidades. Eu não estou assumindo nada, pois não tenho culpa de nada. Estou apenas contando a vocês uma das minhas características que talvez não seja tão evidente. Se eu tenho alguns treijeitos ou não, isso não é porque eu sou gay ou o inverso. Esse é o Guilherme. Ao contrário do Lobo, Foxx e do Visão, meu rosto aparece aqui, vocês sabem meu nome, onde moro e o que faço da vida (e não, rapazes, isso não foi uma crítica).

Pelo menos aqui, no blog, eu quero ser o Guilherme sem muros, o Guilherme que pode comentar o que quiser que não vai passar pelo crivo de gente hipócrita (e mesmo aqui, sei que isso vai acontecer), que não será alvo de olhares repudiosos que me causam mais repúdia do que me deixam mal.

Se um dia eu neguei pra você (e ainda haverão pessoas das quais terei que omitir isso, por motivos profissionais - infelizmente, mas temporariamente), foi porque eu não queria que isso prejudicasse a relação. As pessoas que eu mais amo nesse mundo sabem que sou gay, embora a mais especial de todas não aceite, eu sei que nunca vai me deixar na mão, que nunca vai deixar de me amar por eu ser algo que ela não aceita.

Se isso for mudar a minha relação com alguém, eu quero que esse alguém se foda pense antes de fazer qualquer coisa. O que interessa em mim, a respeito da minha pessoa, é o meu caráter, minha idoneidade, meu ser, que ultrapassa e muito minha face gay.

Eu não tenho medo ou receio do que meus familiares que, porventura, lerem isso, falarão. Eu estou protegido. Por mim mesmo. Até porque, sabemos bem, que vocês tem muito pouco a falar de mim. Eu sou de longe a pessoa que tem mais futuro nessa família porca e hipócrita que nasci. Um bando de gente invejosa e mesquinha que acha que é melhor do que os outros porque tem um carrinho ridículo ou uma casa de praia. /vergonhalheia.

Eu sou uma pessoa MUITO bem resolvida para viver sob máscaras como essa. Eu sou e quero continuar sendo feliz. Do jeito Guilherme de ser.

8 comentários:

Anônimo disse...

Ato de muita coragem a sua, Guilherme. Admiro-o ainda mais. Também me incluo no grupo de blogayros que não estampam o rosto, nem divulgam informações muito pessoais. E, confesso, não o fiz por puro receio (e pretendo manter-me assim, por enquanto). Acredito que, se eu me identificasse, talvez não tivesse a coragem e a liberdade para falar muitas coisas. Pois, vai saber quem lerá o blog... enfim. Ainda tenho limites a tratar.

Tudo isso é medo, e, certamente, tem dimensões bem mais modestas das que eu imagino. Mas prefiro assim. Dizendo a verdade nua e crua, escondendo outra verdade... e quando me sentir mais seguro, como você, aí coloco até minha senha do banco.

Parabéns, mais uma vez. E você está certo. Seja feliz, do seu jeito.

Diego Rebouças disse...

Olha, eu ia falar uma coisa super séria, but what the hell: essa fala, "Eu sou de longe a pessoa que tem mais futuro nessa família porca e hipócrita que nasci" é puro luxo!

FOXX disse...

parabéns, guilherme, te aplaudo!
eu tb poderia facilmente mostrar meu rosto no meu blog hoje em dia, mas é dificil abandonar uma identidade que vc criou no mundo virtual, no meu caso, há 6 anos já. não dá simplesmente para esquecer a raposinha

=D

Gui disse...

@Sougay: Obrigado, acho que eu tava tão nervoso escrevendo que acabei esquecendo de você;

@Diego: Queria ter falado mais, mas como 99% de vocês não entenderiam, preferi só gritar e rir enquanto eu escrevia.

@Foxx: Não foi uma crítica, Foxx. Foi só uma constatação :D. Eu imagino o quão difícil seja abandonar alguma coisa pela qual todo mundo te conhece. Obrigado pela força ;).

Lobo disse...

"@Diego: Queria ter falado mais, mas como 99% de vocês não entenderiam, preferi só gritar e rir enquanto eu escrevia."

Fala que a gente te escuta. É muito pior que mais da metade da sua família ser carente, morar enfiada dentro do morro (Só uma tia e uma prima com uma perspectiva marromeno), ter primo envolvido já na bandidagem e o escambau, e ser obrigado a conviver com isso porque a mãe não abre mão de socializar com as irmãs dela? O seu irmão hetero e que não quer nada na vida tem muito mais respeito que você (pelo menos por parte da minha mãe) porque come mulher?

Tem coisa que é foda não é?! Ahauahauahaahauahau

E também defendo meu lado como o fox: Se você quiser ver meu rosto, só caçar os meus relatos da minha viagem a Sergipe no meio do ano: tem várias, várias fotos minhas. No começo sim, a intenção era não quebrar o anonimato, mas isso foi sendo desconstruido aos poucos: pergunta pra maioria dos blogueiros, e eles vão te dizer que sou o Atila, professor biólogo morador de Niterói. A questão é que a identidade "Lobo" já estava criada, é assim que muitos me conhecem, meus endereços relacionados ao blog estão configurados... manter acaba se tornando muito mais prático, embora não faça mais questão de esconder meu rosto.

Pelo menos no meu lab, eu trabalho com um gay assumido. Pra chefa, isso não faz a menor diferença. Na verdade, ela nem entra nesses méritos. O importante é honrarmos nossos prazos, sermos respeitosos com todos lá dentro e apresentarmos nossos trabalhos feitos. O resto é o resto.

Abração Gui. Ê laiá, comment testamento... XD

Ah, e o post lá do encontro foi feito pra dar picato mesmo. E daí que você é novo?! Senão era mais fácil e dar a ordem de cima pra baixo! Ahauahauahau

Lobo disse...

Eu fiz um comentário GIGANTE que foi engolido! Confere ai se ele não foi pra pasta de spam? :p

Mas o que eu ia dizer é que não tem essa de você ser novo não, o post tá lá pra você dar pitaco mesmo. Não se acanhe XD.

Sobre o tópico, não temos que nos acanhar mesmo não. Ser gay é só uma característica, não o todo. Somos muito mais do que as pessoas se limitam a enxergar quando tem essa informação. E eu vou repetir o discurso do Fox, que eu mantenho a imagem do Lobo porque é mais prático, todo mundo já me conhece assim. Mas tem várias fotos minhas no meu relato de viagem de Sergipe no blog. Só dar uma busca.

Beijos Gui!

Júlio César Vanelis disse...

Só pra constar Gui... Estou muito orgulhoso de você. Vc amadureceu muito, não é mais aquele Gui que tinha medo de fazer um comentário sobre um homem bonito na facul e as outras pessoas ouvirem. Esse é o verdadeiro Gui, livre, superior e... Gay!!! Se não fosse assim, não seria As de Espadas, certo??

Abraços amigo

DPNN disse...

"O que importa é que ser gay é apenas uma das minhas milhões de facetas. Uma, apenas, das minhas várias qualidades. Eu não estou assumindo nada, pois não tenho culpa de nada."

Absolutamente perfeito! No dia em que todos agirem assim, a homossexualidade deixa de ser essa coisa pesada, esse "fardo" a carregar.