sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Quem não cola...não sai da escola!

*Prova - 6:55h, entro em sala de casaco e com cara de acabado*

J.: Nossa, Guilherme, que cara é essa?
Eu: Cara de ontem.
J.: Isso foi estudando?
Eu: Não, fui numa festinha voltei 2:30h pra casa. Nem preciso dizer que to mega cansado, né?
J.: *risos*
Eu: E. você tirou xerox da cola pra mim?
E.: Ih, nem tirei, mas tem uma sobrando, quer?
Eu: Ah, aceito, sim.
J.: Guilherme, você cola!? *cara de espanto*
Eu: Colo, claro. Você não sabia? *deboche*
J.: Ah, não acredito. Pra mim você tirava aquelas notas só com a cabeça.
Eu: Também, ué. Mas eu colo sim.
J.: *espanto, surpresa e deboche sucessivos*
Eu: *pega cola, põe no casaco e sai de sala*

O que rolou hoje é mais pra ilustrar, mas vocês já perceberam a moral - errada - que as pessoas fazem da cola?

Primeiro, qual é a importância da cola pra uma prova inteligente? Mesmo com todas as fórmulas num micropapel (viva a redução) se você não souber o MÍNIMO da matéria em uma prova inteligente você se fode. então porque diabos tem essa doutrina de que temos que decorar tudo pras provas? Que alguns conceitos e fórmulas tem que estar à nossa disposição mental durante uma prova, que já é tensa o suficiente, né?

Simples, rápido, direto e fácil: porque o sistema de avaliação NÃO é inteligente, ele não objetiva, ao contrário do que as linhas da LDB afirmam, formar um cidadão pensante que, por sinal, é pleonasmo. Não há como separar cidadania de reflexão crítica, de modo algum.


Não interessa qual o nível educacional você se encontra, fundamental, médio ou superior (e acredito que na pós-graduação também...) 90% das provas sempre tem uma decoreba escrota. E sempre tem aquele metido a nerd que vai te olhar de olho torto porque você cola e vai melhor e quando não cola, também porque não concorda com aquilo. Como se precisasse, né?

O problema é que todo professor acha que sua matéria é única e é a mais importante da faculdade. Ninguém quer, de fato, ter o trabalho de corrigir uma prova que, de fato, você tenha que ler o que o aluno escreveu para pontuar a questão. É muito mais simples checar o gabarito e dar certo ou errado. E isso nada tem a ver com questões discursivas ou objetivas (embora eu prefira as discursivas, acho que cad uma tem uma importância).  Em uma prova decoreba, as mais comuns, consultar um livro ou o material da aula é o mesmo que dar o gabarito simplesmente porque a prova não exige nenhum raciocínio real. Aí, você não tem como diferenciar o cara que tira 10 e sabe a matéria e o que tira 10 porque copiou da consulta.


Nesse ponto, é importante diferenciar, então, o que é avaliar o que o aluno aprendeu do que ele decorou. Uma prova inteligente permite essa diferenciação, uma prova decoreba, não. Aliás, em geral, quem decora melhor vai bem em provas desse tipo, enquanto quem se preocupa mais em entender do que decorar (ai, Ciclo de Krebs...) acaba não indo tão bem ou mal.

A questão da moral é ainda mais clara: você realmente acha que quando se formar, se estudou bonitinho pra prova há 2,3 anos atrás, ainda vai lembrar? Respondo: não. Nem colando. Então é melhor direcionar o esforço pra coisas mais produtivas, né? Ficar estudando que nem um louco não leva ninguém a nada. A competência profissional depende muito menos do desempenho acadêmico do que o lugar comum sugere.

Eu colo, sim, e vou vivendo. Tem gente que não cola e tá se fudendo.

PS: Dessa vez a cola não ajudou, era um decoreba meio louco que o viado professor não tinha comentado na lista. Ou seja, eu aprendi tudo ontem e anteontem, logo, me fudi. Mas vou superar, na próxima prova, uma cola mais completa!

8 comentários:

FOXX disse...

o problema de colar não é preparar uma colazinha, é copiar o trabalho q outro fez sem vc ter o mínimo de trabalho.

Gui disse...

Se o outro não se importa, qual é o problema?

Lobo disse...

Eu evito. Só faço quando a coisa desbanca para o absurdo completo e totalitário, por ex. professores que se você não escrever as respostas com a exatas palavras que ele usa/quer, zera a questão inteira.

Eu penso que cola acomoda as pessoas. Provas estão pra lá de longe de serem um método decente de avaliação, mas ainda não temos nenhum outro método prático melhor. Porque funcional temos vários, mas eles demandam tanta coisa que é praticamente impossível fazer uso deles em regimes de períodos.

Eu tinha raiva de quando as pessoas colavam descaradamente na minha frente. Agora eu estou pouco me lixando. Não é uma nota que vai diferenciar a quantidade de conhecimento adquirido entre mim e a pessoa... e que a vida se encarregue de fazer o teste...

Lobo disse...

Nos vemos amanhã! XD

Anônimo disse...

Notas são apenas números.

Colando ou não colando, o que importa é o conhecimento que fica no cérebro.

Gui disse...

Exatamente. Fora que conhecimento é uma coisa que deve ser adquirida seletivamente.

Ainda não vejo problema nas pessoas acomodarem se colarem, veja bem, qual é o malefício real para um adulto fazer isso?

Júlio César Vanelis disse...

Legal, acho que vc colocou a coisa de maneira coerente...
De fato, a avaliação é muito falha, muita gente aprende e o querido professor constata com um pedaço de papel que a pessoa não aprendeu... E se tratando de curso superior, onde temos om CR para zelar, não dá para contar apenas com as nossas células nervoas...

railer disse...

eu me lembro que muitas vezes, ao escrever a cola, eu acabava estudando mais e nem precisava usá-la!